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A leitura permite viajar sem sair do lugar, e ao escrever, jovens e adultos, mergulham em um mundo de imaginação que ajuda na formação de novos leitores e escritores. Pensando nisso, e em homenagem ao mês do Livro Infantil, o Instituto Quindim, em Caxias do Sul, abriu as portas para promover o 1º Festival do Leitor. O evento nasceu do desejo da organização de levar crianças e jovens da cidade para conhecerem, se integrarem e realizarem atividades na Biblioteca do Instituto de Leitura Quindim. Neste sábado (29), as atividades são voltadas à comunidade.
No sexto andar do prédio do Eberle, concentrados e sentados ao redor da mesma mesa, quem se inscreveu para a oficina de escrita criativa deslizava o lápis pela folha, como se contasse segredos. A jornalista e escritora Alessandra Rech conduzia a atividade. Entre os estreantes estava o casal Matheus Benfica, 20 anos, e a namorada Carine Gonçalves Rodrigues, 19. Os dois são estudantes do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG). Ele cursa Fisioterapia, mas pensou em fazer Jornalismo antes de decidir que carreira seguir. A namorada é estudante de Psicologia e faz estágio no instituto.
Ao saber do evento, Carine convidou Matheus para participar.
— Eu escrevo artigos, trabalhos do curso, mas não tenho esse hobby de escrever. Nós tivemos de escrever sobre sentimento, sem técnicas ou informações, mas com emoção, o que sentimos mesmo. Foi mais difícil, mas enriquecedor —conta com timidez a estudante, que guardou o texto na bolsa com carinho.
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O namorado concorda:
— É uma oportunidade de aprender, acompanhar ela e ter esse momento juntos. Como eu não tenho contato com a escrita foi uma experiência nova pode escrever um texto que não é tão amarrado, mas solto —ressalta.
A jornalista Alessandra Rech descreve o instituto como um espaço convidativo para as crianças lerem, e assim aumentar o contato dos pais com a leitura:
— Percebo quanto é importante as pessoas investirem tempo naquilo que gostam e que interessa para elas. É um momento de encontro e de aproximação com esse gosto pela literatura.
Ela afirma que é difícil nortear o texto de outras pessoas porque é um processo subjetivo, e por isso, levou cartas do Caminho Sagrado para inspirar quem participou da oficina a se conectar consigo mesmo:
— A literatura é isso também, esse mergulho no que é mais verdadeiro, e às vezes, desarrumado dentro da pessoa. É ali que nasce. Eu falei para eles que tinha que ir para aquilo que eles não verbalizaram.
Inspiração
Durante a semana, 10 escolas públicas participaram das atividades do Festival do Leitor. Foram realizados encontros com autores, oficinas, apresentações artísticas e contação de história. Na tarde deste sábado, a programação segue com intervenção artística da Companhia Teatral Trupe de Maricas; contação de histórias com Christina Dias e Oficina de desenho com Rafael Dambros, a partir das 14h, apresentação em tecidos aéreos com Joanas d’Ar e o encerramento a partir das 16h, com a oficina de graffiti com a Fernanda Rieta. As atividades são voltadas a famílias e comunidade em geral.
O presidente do instituto Volnei Canônica afirma que ainda há algumas vagas para participar das oficinas.
— Venham se divertir, e ocupar essa biblioteca que tem o escorredor, os livros, esse ambiente que inspira a ler e escrever e aproveitar um pouco do clima do festival. Sentir essa relação de leitores de todas as idades com os livros, com as histórias, com as infâncias e com o seus imaginários.
Volnei ressalta que as oficinas permitem a troca de experiências que enriquece a atividade:
— A leitura às vezes parece um ato silencioso porque a gente fica ali mergulhado em um livro e com os personagens, mas na verdade é um ato de compartilhamento. Tudo o que a gente gosta quer contar para o outro, então compartilhamos afetos. Nas oficinas tem essa troca de quem se aventura na área de escrita, quem escreve, quem já tem a técnica e você aprende com a história do outro.
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No espaço há um acervo de cerca de cinco mil livros. Ele lembra que basta preencher uma ficha para poder levar 15 livros para casa. Endrigo Demétrio, 50, e o filho Sebastian, seis, aproveitaram para conhecer o espaço.
— Sempre li para ele e gosto muito de ler. Ele é sócio da Biblioteca Púbica, e conheci o instituto na semana passada. Hoje (sábado) voltei com o meu filho para ele conhecer e retirar os livros. Desde os cinco ele lê sozinho — conta o pai, com um cesto repleto de livros, enquanto o menino brincava em meio às almofadas.
O menino sorriu e disse:
— Gosto de todos os livros.
1º Festival do Leitor Quindim
14h - Contação de histórias: Christina Dias
14h - Oficina de desenho: Rafael Dambros, para jovens, ilustradores e comunidade em geral
15h - Apresentação em tecidos aéreos: Joanas d’Ar
16h - Oficina de graffiti: Fernanda Rieta, para famílias e comunidade em geral