Uma solução que seria inédita no país foi sugerida pela Sociedade Amigos dos Animais (Soama) para a superpopulação de pombas presente principalmente no centro de Caxias do Sul. O método, segundo a presidente da Soama, Fernanda Becker, é modelo em controle ético das aves e utilizado em cidades da Europa como em Wuppertal, na Alemanha.
Com a utilização de ração, as pombas são atraídas para um pombal e tem seus ovos substituídos por ovos falsos, feitos de plástico ou porcelana. Ainda de acordo com a proposta, as pombas não conseguem distinguir a diferença e continuam a fazer a incubação sem que nasçam novos filhotes.
A estrutura, segundo Fernanda, pode ser instalada em cima de prédios e teria capacidade para receber até 100 aves. Na proposta levada à prefeitura e recebida pela Secretaria do Meio Ambiente, a Soama sugere que a manutenção seja feita pela entidade após a instalação ser financiada pelo poder público.
— Não temos condições de construir o pombal, mas nos colocamos à disposição de manter a estrutura em prol da saúde das aves. Na Alemanha são de quatro a cinco voluntários que se revezam em três visitas semanais para limpar o pombal e trocar os ovos antes que o embrião esteja formado — explicou.
A Soama, através de Fernanda, entende que para a ideia sair do papel um trabalho de quebra de paradigmas deve ser feito para que a comunidade enxergue as aves de outra forma.
— A questão é mostrar para a população que é benéfico e tranquilo ter um pombal em cima de um prédio. Eu acho que é muito mais fácil colocar na Praça Dante, que é um espaço público e pode entreter um idoso ou uma criança e ainda manter as aves no local onde sempre estiveram — disse.
Seguindo o modelo alemão, a sugestão leva em conta que os pombais mantêm as aves nos locais e faz com que a sujeira causada por elas fique restrita à estrutura. No exemplo citado por Fernanda, a cidade de Wuppertal, com 350 mil habitantes, possui dois pombais construídos há 10 anos. Nesse período já foram trocados mais de 24 mil ovos e quase 40 toneladas de fezes recolhidas.
A maior crítica da entidade de proteção aos animais é quanto à multa de R$ 8 mil para quem alimentar as pombas. A alternativa da prefeitura para o controle das aves é vista como inconstitucional pela Soama.
— O valor é absurdo e proibir alguém de dar comida a um animal é vergonhoso. Nenhuma pessoa que maltrata um cachorro é multada nesse valor. Às vezes, nós, mais jovens, não temos essa percepção, mas muitas vezes a alegria de alguns idosos é somente essa, de sentar no banco da praça e alimentar os pombos — disse Fernanda.
Através da assessoria de imprensa, a prefeitura disse tratar-se de uma solução bastante técnica e se dispôs a avaliar a viabilidade das instalações.
