
O trecho da BR-116 na Serra está sem recursos para a manutenção desde agosto, quando terminou o montante disponível no orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) para 2022. Os valores são destinados ao contrato de conserva da rodovia, que inclui manutenção asfáltica, limpeza e roçada, sinalização e reparos nos canteiros centrais.
Conforme o engenheiro responsável pela rodovia na unidade do Dnit em Vacaria, Daniel Bencke, o montante previsto no orçamento federal para o trecho tem sido baixo nos últimos anos. Em contrapartida, o aumento de custos dos insumos neste ano também contribui para o que o valor disponível seja insuficiente. A falta de manutenção asfáltica, contudo, acarreta em uma maior degradação do pavimento, o que exige investimentos maiores no futuro.
— A fadiga do pavimento é cumulativa. Como o pavimento vai degradando, chega o início do ano e se gasta mais. Ela (BR-116) não está em péssimas condições, mas está de regular a ruim. Na primeira chuva vamos ter problemas — explica Bencke.
Apesar dos recursos zerados, o trabalho não foi totalmente paralisado até agora. A empresa contratada seguiu atuando com os recursos que já haviam sido repassados pelo órgão federal. Nesta quinta-feira (17), a reportagem encontrou duas equipes atuando na limpeza da rodovia na área urbana de Caxias.
— Pedimos para paralisar o contrato a partir da última quarta-feira (16), mas a empresa seguiu trabalhando por mais alguns dias. Até o fim do ano estamos sem recursos. A partir de 1º de janeiro já teremos o novo orçamento e vamos conseguir retomar o trabalho. O Dnit tendo recursos e condições, é um órgão capacitado — observa Bencke.
Segundo a direção do Dnit, neste ano foram destinados R$ 316 milhões foram destinados para manutenção de aproximadamente 4,8 mil quilômetros de estradas federais do Rio Grande do Sul, dos quais já foram utilizados 95%. Para a Serra, o montante foi de R$ 33 milhões. O montante a ser destinado em 2023 ainda depende das discussões do orçamento federal, em tramitação no Congresso.
Problemas no canteiro central e ausência de buracos
A manutenção da BR-116 entre Parada Cristal e o acesso a Santa Corona, em Caxias, foi alvo de críticas na Câmara de Vereadores nos últimos dias. Nesta quinta a reportagem percorreu os 19,4 quilômetros do trecho e constatou que não há buracos. Apesar disso, há pontos com asfalto descascado ou com rachaduras e trechos curtos com sinalização apagada. O segmento com o pavimento mais conservado fica entre o bairro São Ciro e o entroncamento com a Avenida São Leopoldo. Entre a São Leopoldo e ao acesso a Santa Corona pequenas irregularidades voltam a aparecer.

Os problemas mais significativos do trecho caxiense da rodovia federal envolvem os espaços para pedestres. Historicamente, a BR-116 não conta com calçamento adequado nas laterais no perímetro urbano da cidade. Além disso, o canteiro central tem problemas que exigem a atenção de quem passa por ali. Próximo a Ana Rech e ao viaduto sobre a Rua Tronca, por exemplo, há trechos sem calçamento. Já onde há calçada para caminhar há pontos com buracos principalmente no trecho norte da cidade.
— Aqui não tem acostamento e os carros vêm "a mil". Para o pedestre é horrível. O pedestre não é visto como gente em Caxias. O cidadão é o cara que tem um carro — observa o corretor de imóveis William Ouriques, 53 anos, que mora nas proximidades do acesso a Ana Rech.
Em pelo menos dois pontos, a reportagem identificou placas de sinalização que dificultam a passagem do pedestre, que precisa passar por baixo ou desviar pelo acostamento. Outros problemas incluem buracos, fragmentos de postes e pontos com vegetação mal cuidada. No bairro Presidente Vargas, os guard-rails do canteiro central estão danificados e junto a eles há uma fenda para o escoamento da água que pode dificultar a passagem.
Embora admita que há problemas pontuais no canteiro central e que eles são resolvidos na medida do possível, o engenheiro Daniel Bencke afirma que o espaço não é o local mais adequado para o trânsito de pedestres.
— Sempre vai achar alguma pedra solta, mas o canteiro não foi feito para o fluxo de pedestres, foi feito para a divisão de fluxo. Não quero dizer que deve existir, mas é um problema que convivemos e conseguimos administrar. Recebemos reclamações específicas e resolvemos — explica.
Já a implantação de calçadas nas laterais dependeria de um projeto de reestruturação de grande porte, que também esbarra na falta de recursos.