Em coletiva na tarde desta quinta-feira (8), a direção do Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul detalhou a situação financeira da instituição. Conforme os dados apresentados à imprensa, o déficit acumulado em sete meses é de aproximadamente R$ 5,8 milhões. A projeção é de que, se não houver aporte financeiro por parte do poder público, o montante da conta possa variar entre R$ 15 milhões a R$ 20 milhões até o fim deste ano. A condição financeira do HG já havia sido tratada em reportagem do Pioneiro há cerca de 20 dias. Na ocasião, a direção relatou que os recursos para manter as contas em dia com os fornecedores têm saído da Fundação Universidade de Caxias do Sul (Fucs).
O diretor-geral do HG, Sandro Junqueira, reforçou que entre os motivos para as contas não fecharem de forma positiva estão o encarecimento dos medicamentos e a piora no estado de saúde dos pacientes que chegam ao hospital, passado o período mais grave da pandemia. Além disso, também é citada a defasagem na tabela de valores do Sistema Único de Saúde (SUS). Outra preocupação futura é com o piso nacional da enfermagem que poderá acrescentar o valor de R$ 1, 4 milhões por mês aos custos — o piso está suspenso por meio de decisão liminar no Supremo Tribunal Federal (STF).
Junqueira diz que o quadro de contas do hospital vem sendo discutido desde maio, em encontros com os governos municipal, estadual e federal.
— É o maior déficit da história do hospital (que tem 24 anos de existência), comprometendo a estrutura e possíveis serviços. A gente está tentando de todos os lados, de todas as maneiras, recursos para não reduzir nada. Se nós jogarmos isso (déficit atual) para frente, vamos estar fechando em R$ 15 milhões a R$ 20 milhões até o fim do ano. É um déficit insustentável — avalia o diretor-geral.
Entre as solicitações do HG para os entes públicos, apresentadas no encontro com a imprensa, estão pedidos de recursos financeiros para suprir o déficit atual de R$ 5.799.761,00; a suplementação mensal de verbas, a partir de agosto deste ano, no valor de R$ 3 milhões e o prazo de 60 dias para definir a forma de custeio da ampliação do HG (a obra está em andamento).
Segundo Sandro, a expansão do HG, que prevê aumento de 60% na capacidade assistencial, e as contas atuais são situações diferentes.
— Uma coisa é a Campanha Todos pelo Geral (em que houve arrecadação total de R$ 33,5 milhões). Nós captamos, vamos concluir e vamos inaugurar. Agora, vai ter que haver uma discussão não só daquela parte, mas de todo o Hospital Geral. Precisamos sustentar o hospital como ele está hoje e, depois, pensar o hospital para a ampliação — disse.
O diretor-geral também acrescentou que entende que as emendas parlamentares, frequentemente buscadas pela instituição, precisam ser vistas como fontes de recurso agregadoras, que colaborem para novos serviços, e não para cobrir, sistematicamente, déficits nas contas.
— O nosso objetivo é trazer a sensibilização do poder público. Como falei, o SUS é tripartite, sendo Estado, União e municípios. Nós queremos que os três entes possam achar uma alternativa e viabilizarem o custeio do hospital para que ele possa, em cima disso, crescer —finaliza Sandro, dizendo que é preciso uma solução imediata para que não haja futuras reduções em serviços.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura de Caxias do Sul informou que vai se manifestar oportunamente, após análise da demanda junto ao Estado e a União.
Alguns números apresentados pela instituição
:: O serviço de radioterapia do HG atende cerca de 110 pacientes por dia.
:: São mais de 15 mil sessões de quimioterapia por ano.
:: Em 2021, foram realizados 4.452 cirurgias e 1.807 partos.
:: No ano passado, também foram contabilizadas 10.741 internações e 49.295 atendimentos ambulatoriais.
:: Os atendimentos na área oncológica, adulta e pediátrica, por sua vez, chegaram a 23.862.
:: A diária na UTI tem custo de R$ 1.107,40 atualmente. Segundo o HG, o SUS arca com cerca de R$ 600.