Nas últimas semanas, o Brasil vem acompanhando mais uma evolução da tecnologia, com o início da operação da quinta geração da rede móvel, que substituirá nos próximos dias a atual 4G. Enquanto capitais como Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e a gaúcha Porto Alegre já estão com a tecnologia, a chegada da 5G em Caxias do Sul pode levar de um a dois anos, segundo especialistas na área da comunicação.
De acordo com o doutor em Comunicação pela Pontifíca Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Eduardo Pellanda, no ponto de vista do tamanho econômico de Caxias do Sul, é possível que ela seja a segunda cidade no Rio Grande do Sul a ter o sinal.
— As operadoras, com certeza, vão se interessar para ter. Acredito que até em um ano, pela importância industrial. O principal ponto é dar a base, é fazer os trilhos para que o trem venha depois. A gente tem que preparar as regiões, as nossas cidades, para que a gente não fique atrás do mundo inteiro — pontua Pellanda.
Questionado sobre a questão da topografia da Serra, o doutor explica que o sinal de 5G requer muitas antenas, mas todas pequenas e que podem ser facilmente instaladas na área urbana como, por exemplo, em paradas de ônibus, postes de luz e placas de sinalização:
— Isso resolve o problema de sombra de morro, devagarinho vai tendo essa distribuição.
O professor do curso de Engenharia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Felipe Tondo, em entrevista ao Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, na última quarta-feira (27), explicou que além de aumentar a velocidade da internet móvel em, aproximadamente, cem vezes, a quinta geração pode impulsionar o desenvolvimento das cidades inteligentes, nas indústrias e na questão da logística de produtos.
— Tem também a medicina inteligente, as cirurgias remotas. Você vai poder fazer as cirurgias remotamente com muito mais precisão e segurança. Na região (Serra), muito se fala da indústria 4.0, da automação dos processos. Será possível monitorar desde a entrada do produto até a sua finalização, todo o processo de manufatura. A gente vai conseguir ter um monitoramento em tempo real sobre o que está acontecendo sobre as demandas, sobre as matérias primas — exemplifica Tondo, que acredita que a tecnologia deve levar de dois a três anos para ser instalada em Caxias.
O que pode ser feito durante a espera
Em outubro de 2021, um projeto de lei (PL) foi apresentado na Câmara para alterar a legislação que regra a questão das antenas no município, adaptando para a tecnologia da quinta geração. O autor da proposta, o vereador Mauricio Scalco (Novo), explica que o PL já está adaptado conforme os moldes propostos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com base nos projetos aprovados em cidades como Joinville e Florianópolis, ambas em Santa Catarina, e em Porto Alegre.
— Eles (o Executivo) deram um parecer que não nos convenceu, então nós baixamos novamente para o Executivo (na sexta-feira, 29) porque precisa fazer uma lei de antenas. Acho que uma arquiteta do município disse que ia ser feito por meio de decreto, mas tem que ser através de lei essa regulamentação. Estamos aguardando o Executivo se manifestar para dar o ok para a nossa lei, porque na nossa lei falta o impacto, que diga que Caxias precisa ter um estudo de impacto urbanístico. Nós, da Câmara de Vereadores, não conseguimos fazer esse estudo, tem que ser a própria prefeitura — complementa o vereador.
Scalco defende que o projeto da 5G é de interesse público e que a preparação para que a tecnologia seja iniciada em Caxias botará a cidade “no patamar que ela precisa”.
— Ela tem que ser uma das cidades pioneiras no mercado. Estamos aguardando o Executivo para a gente aprovar. Conversei com o secretário de PPPs (o titular da Secretaria de Parceria Estratégicas, Maurício Batista da Silva), ele sabe da necessidade desse projeto, até porque é uma cidade industrial, que muitas aplicações tecnológicas e de inovação precisam do 5G para testa-las. Só que a gente tem que dar uma acelerada no processo, está um pouco demorado — ressalta o parlamentar.
Através da assessoria de imprensa, a prefeitura afirmou estar definindo mudanças na legislação municipal para receber antenas e acrescenta ainda não ter definições sobre a questão. Em relação ao estudo técnico, a SMU destaca ter recebido o ofício na segunda-feira (1º) e que ainda não há uma posição oficial sobre a sugestão.