A inovação começa pelo estudo. Um vislumbre do futuro do setor automotivo esteve disponível na 36ª Mostra de Trabalhos Técnicos (MostraTec), em Caxias do Sul, neste sábado (3). O encontro apresentou 11 projetos de 25 formandos do Instituto Senai de Tecnologia em Mecatrônica. São protótipos de aplicações de tecnologias, uso de inteligência artificial e redução de custos para o consumidor.
Uma dessas ideias é uma central de informações capaz de monitorar os fluídos dos veículos. O projeto foi idealizado para auxiliar desde o motorista casual que precisa de um lembrete para trocar o óleo até o caminhoneiro que encara estradas em más condições e precisa ficar atento a estragos em mangueiras.
— É pensado para o motorista que não tem tempo ou conhecimento para analisar o fluído de freio ou o sistema de arrefecimento. O sistema eletrônico fará este controle. Um exemplo prático: se numa viagem voar uma pedra e danificar a mangueira de água, muitos motoristas só descobrirão quando o motor ferver ou fundir. Nesse caso, a central alertaria este problema antes do motorista ficar empenhado — descreve Felipe Ocaña Enes, estudante do Instituto e um dos autores do projeto.
Nesta primeira ideia, a central monitora os níveis dos óleos do motor, de transmissão e da direção hidráulica, do líquido de arrefecimento e da água do esguicho. O sistema também analisa a qualidade do fluído de freio. O protótipo apresenta estas informações em uma tela, que poderia ser acoplada ao carro. Os autores acreditam que há potencial para que estes avisos em tempo real sejam enviados para o celular do proprietário do carro.
— Nossa ideia era buscar este custo benefício ao mesmo tempo que fosse uma inovação. Hoje temos veículos que controlam alguns desses indicadores. Esta central com todas as informações foi pensada para ser funcional em qualquer carro, inclusive os mais antigos. Justamente para facilitar e diminuir os custos de manutenção de qualquer motorista — conclui o "porta-voz" Enes, que desenvolveu o protótipo junto com os colegas Caio Nunes Maciel, Henrique Brogliato Alves, Matheus Bettiol Borges e Rodolfo Aver Vieira.
Outro projeto para redução de custos e popularização de tecnologia foi desenvolvido por Emersson Casanova. O estudante encontrou uma forma de reduzir em 30% a produção do sistema de automatização de faróis.
— É um sensor que percebe se está escuro e liga a luz alta. Ao detectar a luz de um carro contrário, reduz para a luz baixa. É algo que já existe em carros de luxo, mas a minha ideia foi projetada para ser universal, capaz de instalar em qualquer veículo — conta.
O protótipo apresentado foi desenvolvido por seis meses no próprio carro, um Bravo. Casanova explica que a central é capaz de agregar novas funções de inteligência, como automaticamente fechar os vidros quando o ar condicionado for ligado.
— Aos poucos, vou tentar levar para frente este protótipo. Há muitas melhorias que podem ser feitas, como posicionamento e ajuste dos sensores. Uma ideia é desenvolver também um sensor de chuva capaz de automatizar mais funções — projeta.
O encontro teve entrada gratuita e apresentou o Instituto de Mecatrônica. Além de novos interessados na área, a Mostra também reuniu antigos estudantes que trouxeram as evoluções de seus antigos projetos e outras ideias relacionadas. No estacionamento, estavam à mostra veículos antigos, carros de arrancada e projetos de restauração de automóveis.
Outros trabalhos técnicos apresentados:
- Construção de uma fórmula tubular utilizando como base o VW Fusca;
- Instalação de um módulo de injeção e ignição eletrônica programável e melhorias mecânicas;
- Instalação de um turbo compressor e injeção eletrônica em um Santana;
- Reforma do motor Zetec 2.0 16V;
- Revitalização estética e mecânica do Kadett;
- Instalação de injeção programável no GM Kadett;
- Instalação de um motor AP e injeção programável em uma gaiola Off Road.