Com a intensa chuva que atinge as cidades da Serra desde o último domingo (1º), a comunidade ainda enfrenta problemas na região. De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), nas últimas 24 horas, choveu 105 milímetros em Vacaria, 80 em São Francisco de Paula, 75 em Caxias do Sul, 66 em Nova Petrópolis e 60 em Serafina Corrêa. Esses foram os maiores acumulados de chuva em um dia na região, segundo a instituição.
Se considerar desde domingo, em Caxias, choveu mais de 100 milímetros. Conforme dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de Caxias, localizada no Aeroporto Hugo Cantergiani, choveu 104,8 milímetros na cidade desde o domingo. Foram 27,1 milímetros no domingo, 9,3 na segunda-feira (2) pela manhã, 47 milímetros na segunda à noite e 21,4 na manhã dessa terça-feira (3).
Em cidades da região, a chuva prolongada causa aumento nos níveis dos rios da Prata e das Antas e bloqueio no acesso às balsas de Nova Roma do Sul, que fazem a ligação da cidade a Veranópolis e a Nova Pádua. O acesso a Veranópolis foi interrompido na noite de domingo. Já a balsa para Nova Pádua está sem passagem desde a madrugada de segunda-feira. As rotas terrestres alternativas para deslocamento na região são as rodovias estaduais ERS-448, ERS-453 e ERS-437.
O prefeito de Nova Roma do Sul, Douglas Pasuch (PP), ressalta que o município está em alerta para o nível da Barragem da Usina de Castro Alves:
— Quando o nível está em 240 milímetros é chamado de cota zero, que é quando a água (ainda) não passa por cima da barragem. Hoje ela está dois metros acima do vertedouro, passando por cima da barragem. Já estamos em uma situação crítica com risco de alagamento.
Pontes interditadas
A ponte entre Cotiporã e Bento Gonçalves, no Rio das Antas, está submersa devido ao alto nível dos rios. Essa ponte liga uma estrada intermunicipal com a RS-431, em Bento Gonçalves. A alternativa para quem quer sair ou chegar em Cotiporã é seguir pela BR-470 até Veranópolis e, depois, acessar a ERS-359 até Cotiporã.
A ponte que liga Cotiporã e Dois Lajeados, no Rio Carreiro, também está interditada. O mesmo ocorre na ponte entre Guaporé e Anta Gorda sobre o Rio Guaporé. A estrutura é a principal ligação entre os dois municípios, que ficam a 25 quilômetros um do outro via RS-441, trecho de chão batido da rodovia. A outra opção entre as duas cidades é via RS-129, passando por Encantado e RS-332, o que aumenta o deslocamento em cerca de 70 quilômetros.
O município de Santa Tereza também segue em alerta já que o nível do Rio Taquari, que passa pela cidade, também está subindo porque choveu nas cabeceiras. A Defesa Civil do município e a prefeitura estão monitorando a situação.
Volume de chuva deve ser expressivo na região
A chuva segue nos próximos dias na Serra sendo que há risco de forte intensidade associada a incidência de raios, além de rajadas de vento nessa terça-feira. Também ocorrerá no Estado, a formação de um ciclone extratropical, que deve trazer mais tempestades para a região. É o fenômeno que deve causar fortes rajadas de vento, descargas elétricas, agitação marítima e volumes expressivos de chuva. O ciclone atingirá todo o Estado, mas Litoral Norte e Serra devem ser as áreas mais afetadas.
A meteorologista da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, Nicolle Reis, explica que esse fenômeno ocorre devido a influência do La Niña e a uma frente fria que canalizam umidade sobre o Estado, o que ajuda a provocar as tempestades.
— Favorece as chuvas volumosas, e podemos ter acumulados na Serra ultrapassando os 90 milímetros nessa terça -feira, os 130 na quarta-feira, e somando o período de atuação desse sistema pode ultrapassar os 300 milímetros. Representa quase que o dobro da média esperada para maio — disse a profissional em entrevista ao Bom dia Rio Grande.
Ela ressalta que a presença do ciclone aumenta os transtornos para a população e os riscos:
— Já estamos vendo alguns transtornos, e com esse volume expressivo aumenta o risco de alagamentos, transbordamentos de rio, queda de barreira e deslizamentos de terra.
Nicolle esclarece que a passagem do ciclone provocará rajadas de ventos intensas. Por isso, recomenda que a população acompanhe as informações da Defesa Civil, e se possível se proteja.
— A recomendação em geral é que as pessoas fiquem abrigadas. Os maiores efeitos serão sentidos entre hoje (terça) e amanhã (quarta) e, na quinta, o tempo começa a ficar firme, com chuva mais fracas em alguns pontos como a Serra. A medida que o sistema se afasta, uma massa de ar frio e seco de origem polar avança sobre o Estado, e teremos temperaturas de inverno, com muito frio pela manhã, e máximas em torno dos 18.