O Curso de Capacitação da Patrulha Maria da Penha, realizado pelo Comando da Serra da Brigada Militar, iniciou nesta terça-feira (24) e segue com atividades até a sexta-feira (27), em Caxias do Sul. Em sua 16ª edição, o curso habilitará policiais dos cinco batalhões que integram o Comando da Serra (Caxias, Farroupilha, Bento Gonçalves, Gramado e Vacaria), além de municípios que compõem estas unidades militares (Bom Jesus, Sananduva, Lagoa Vermelha, São marcos, Nova Roma do Sul, Vista alegre do Prata, Santa Tereza, Pinto Bandeira, Três Coroas e Igrejinha).
Com a habilitação, os policiais militares, passarão a compor o trabalho nas Patrulhas Maria da Penha, que atendem ocorrências de violência doméstica e familiar, além de visitas sistemáticas nas casas de vítimas com medida protetiva de urgência. Segundo o Major Juliano Amaral, a patrulha atua em parceria com o poder Jucidiário.
— A partir do momento que é realizado esse trabalho, o próprio agressor se sente, de certa forma, monitorado pelo trabalho preventivo da Brigada Militar. Assim, ele recua um pouco e então conseguimos fortalecer o entendimento da mulher enquanto vítima. A gente procura trabalhar a questão do empoderamento da mulher, para ela se sentir segura e confortável ao ponto de procurar essa ajuda quando ela se encontra na situação de vítima do seu agressor — explica, Amaral.
A Brigada Militar do Rio Grande do Sul foi a primeira Polícia Militar a inserir suas atividades na rede de atendimento à mulher em situação de violência doméstica no Brasil. As atividades iniciaram no dia 20 de outubro de 2012, em Porto Alegre, e atualmente são realizadas em 114 municípios gaúchos. Houve um crescimento de 72% nos últimos três anos no número de patrulhas. A Patrulha Maria da Penha é referência para muitos outros estados, que inclusive seguem a mesma forma de trabalho.
O curso na Serra é coordenado pelo Major Juliano Amaral, multiplicador do curso de formação e pela Soldado Catiele De Carvalho, patrulheira em Caxias. As disciplinas ministradas permeiam o currículo nacional, abrangendo os eixos ético, legal e técnico. A metodologia permitem aliar teoria e prática, com análise de casos reais. Além disso são realizadas trocas de experiências entre os participantes, permitindo reflexões a partir da visão integral da violência doméstica e familiar no Rio Grande do Sul e no Brasil.
— Durante o curso, são apresentados problemas reais para os alunos, e pelas ferramentas disponibilizadas para a Brigada Militar, para o trabalho da Patrulha Maria da Penha, através de dinâmicas, dramatizações e debates, eles participam e apontam as dificuldades do problema e a solução.
Conforme o Major Juliano, no último mês, por conta da pandemia, aumentaram as intervenções em casos de violência contra a mulher e foram registrados feminicídios justamente aos finais de semana, quando a patrulha não costumava atuar. Por conta disso, Brigada Militar, nos meses de julho e agosto, desencadeou uma operação aonde todos os finais de semana as Patrulhas Maria da Penha realizam um trabalho mais aproximado em relação às vítimas e com isso foi percebido um número significativo de redução dos feminicídios.
— Justamente por causa desses dados que a Brigada aumentou essa capacitação. Essa habilitação possibilita ao policial uma abordagem mais direcionada pra essa mulher, que muitas vezes é vítima de agressão. Um dos retornos que tínhamos, é que a mulher se sente vítima, se sente menosprezada, inferior, por ter sido agredida, ou seja, já está numa situação bastante vulnerável, então quando ela vê a figura de um policial militar, ela se sente mais constrangida. Com essa capacitação, a abordagem nesse tipo de ocorrência já é diferente, porque o policial chega sabendo o que ele vai encontrar e tem as maneiras de conduzir isso, deixando a mulher tranquila, à vontade para relatar o que aconteceu e assim, fazer o encaminhamento. O maior desafio do curso é despertar esse senso de participação de todos os policiais militares — relata.