Se o projeto de lei, aprovado por unanimidade dos deputados na Assembleia Legislativa na terça-feira (16), for sancionado, as academias do Rio Grande do Sul poderão abrir mesmo em bandeira preta e sem cogestão em vigor. A sanção do governador Eduardo Leite, no entanto, não tem previsão para acontecer. Segundo a assessoria do Piratini nesta quarta-feira (17), o projeto ainda precisa ser analisado pela Casa Civil. O prazo legal é de 15 dias para que Leite se manifeste. Mesmo assim, a expectativa no setor é de que os estabelecimentos que trabalham com atividade física possam reabrir as portas em breve.
O secretário de Urbanismo de Caxias, João Uez, prefere não projetar um cenário por enquanto. Segundo ele, é preciso aguardar a posição de Leite para então garantir as mudanças de regras em Caxias.
Segundo a presidente do Conselho Municipal de Desporto de Caxias, secretária do Comitê Estadual de Educação Física e conselheira do Conselho Regional de Educação Física, Carla Pretto, a iniciativa do projeto de lei partiu dos profissionais. Desde o ano passado, o grupo propõe que a atividade física seja classificada como essencial. A proposta, encabeçada pela deputada Fran Somensi (Republicanos), foi protocolada em junho de 2020. O projeto na íntegra pode ser conferido aqui.
— Depois de muito trabalho tivemos essa conquista! Foi um grupo de entidades que se engajou nessa batalha. A vitória é para nós profissionais porque fomos valorizados — cita.
A deputada Fran ressalta que a saúde da população é o principal objetivo da proposta e demonstra otimismo para a sanção.
— Neste cenário de pandemia em que nos encontramos, fica ainda mais evidente a necessidade dessas atividades, além da recuperação de pacientes que passaram pelo coronavírus. Por isso, entendemos a necessidade e importância deste projeto para o Estado e estamos confiantes na sanção pelo governador — afirma.
Um dos proprietários de academias atingido com o fechamento durante a classificação em bandeira preta é Maurício Corso, da UP Academia. Ele ressalta que havia cerca de mil clientes antes da pandemia. Com o impacto, o número reduziu para 650, sendo que 100 desistiram somente neste mês, quando as portas ficaram fechadas. São 33 funcionários na folha de pagamento e que estão em casa.
— Dentro da academia as pessoas correm o mesmo risco que dentro de supermercados, em ônibus e até em casa. Não tem contato físico entre uma pessoa e outra dentro da academia. Nós conseguimos manter distanciamento e fazer a higiene necessária — diz.
Sobre treinamentos online, Corso afirma que é ofertado, mas que detalhes como correções de postura fazem falta neste formato.
Outro proprietário afetado é David Esteves, da Fast Training Academia. Segundo ele, por ser uma academia menor, mais familiar, o número de alunos não reduziu. Cerca de 80 pessoas treinam no local. Ele entende que a falta de treinos reduz a imunidade das pessoas e afeta a saúde mental.
— A aprovação do projeto foi uma grande vitória para a nossa classe. Acho que a partir de agora conseguiremos exercer nossa função, que é primordial para a saúde da população. Estávamos sendo deixados de lado nas decisões do governo do estado. Já está comprovado que não é na academia que alguém é contaminado. São 42 exigências que cumprimos. (dos protocolos sanitários) — diz.
No sábado (13), o governo do Estado autorizou o atendimento individual condicionado à prescrição médica para reabilitação em academias, estúdios e piscinas. O atendimento deve ser individual, com hora marcada, em local reservado e sem compartilhamento de espaço ou equipamentos com outras pessoas.