Caminhar pelos corredores do Instituto Estadual de Educação (IEE) Cristóvão de Mendoza, de Caxias do Sul, é quase como viajar no tempo. O imenso prédio, dividido em pavilhões, no bairro Cinquentenário, data de 1961 mas, para além de uma arquitetura característica, também carrega, em sua estrutura, as marcas do tempo. Obras aguardadas desde 2012 chegaram a ter licitação aberta, com valor estimado em R$ 30 milhões. Elas foram, porém, suspensas por medidas de contingenciamento do governo do Estado. Com intervenção do Ministério Público (MP), a Justiça determinou a definição de um cronograma de obras emergenciais. Ainda antes da pandemia, o Estado chegou a recorrer da decisão mas recebeu prazo para entrega do documento até o dia 13 de novembro.
— A situação não chega a influenciar nas aulas presenciais porque retornamos com poucos estudantes. Sabemos que existem escolas com vários problemas também, mas a questão do Cristóvão já se arrasta por muito tempo. Ainda não sabemos o que será incluso nas obras emergenciais, mas será melhor do que nada — avalia a diretora do educandário, Roseli Maria Bergozza.
Pisos quebrados, rebocos deteriorados, goteiras e pinturas descascadas são apenas alguns dos problemas estruturais revisitados pelos estudantes e funcionários desde a retomada das atividades, com aulas presenciais retomadas em 28 de outubro, seguindo protocolos e cronograma determinado pelo governo do Estado. Dos 986 alunos matriculados, cerca de 50 retornaram à sala de aula, em encontros que ocorrem com dias e horários restritos, em 11 salas do pavilhão C. Em um primeiro momento o retorno se dá, apenas, para estudantes do Ensino Médio e Curso Normal.
De acordo com a diretora, um recurso oriundo de suplementação da conta da Autonomia garantirá, independentemente do cronograma, a transferência da cozinha e do refeitório. Ela explica que o local onde encontra-se atualmente o espaço registra constantes alagamentos em dias chuvosos. O novo refeitório ocupará duas salas — que serão unificadas — no segundo pavimento da edificação onde funcionava o Centro de Línguas Estrangeiras (Clecs). Ainda segundo Roseli, a previsão é de que as obras comecem no próximo dia 16 de novembro, tendo prazo de 30 dias para serem concluídas.
Dentre outros pontos críticos que aguardam verba para recuperação está o ginásio e o auditório. Este último, interditado desde julho de 2013 por problemas nas saídas de emergência, na fiação elétrica e com o carpete que cobre as paredes, além da falta de sinalização.
— É o maior auditório da cidade, cabem 1.016 pessoas. A reabertura dele poderia ser uma fonte de renda para conseguirmos realizar mais melhorias na escola — observa a diretora.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou, por meio de assessoria de imprensa, que "será realizada uma readequação de projeto e revisão orçamentária conforme as necessidades da escola e da situação fiscal do Governo do Estado".
Em relação a obras nas escolas da rede estadual, a Seduc informou que "devido ao decreto de situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, em função do coronavírus, diversas atividades foram restringidas. Entre elas, está a área da construção civil. Todos estes fatores, juntamente com as regras próprias de cada município, contribuíram para que o cronograma das obras fosse alterado no ano de 2020".
Conforme a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que abrange Caxias do Sul, atualmente nenhuma escola da cidade está com aulas afetadas por problemas estruturais.
— As situações mais críticas são as da Cristóvão, que vai ter cronograma emergencial de obras, e a da Escola Victório Webber (bairro Serrano), para a qual está sendo licitada a locação de contâiner para podermos demolir a parte da frente que está bastante comprometida. Nesta, o atendimento aos estudantes continua ocorrendo de forma remota — afirma a titular da 4ª CRE, Viviani Devalle.
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