Os estudos de cerca de 1,6 mil alunos foram duramente interrompidos não apenas por conta da pandemia, desde março, mas também pela falta de um ambiente virtual de aprendizagem. O Instituto Federal de Educação (IFRS) em Caxias do Sul não colocou um sistema online à disposição dos alunos para dar seguimento ao aprendizado. O fato gera preocupação. Pai de uma aluna de 16 anos que cursa o segundo ano na Instituição, o administrador de empresas Marcio Ricardo Renosto, 47 anos, exemplifica:
— Eu diria que dá até uma decepção porque todos voltaram (alunos de outras redes). Surgem boatos de que as aulas iriam até março do ano que vem, mas na verdade ninguém sabe nem quando vai voltar. Não recebemos qualquer apresentação de um plano de ação para aulas online — afirma.
Muitos alunos terão a expectativa de formatura adiada. Somente neste ano, em torno de 200 já não poderão contar com a conclusão dos estudos.
O caso não envolve somente o campus Caxias, mas todos os do Estado. A decisão para que ocorram aulas virtuais parte do Conselho Superior. Segundo o diretor da unidade em Caxias, Jeferson Fachinetto, não é possível tomar decisões isoladas nos campus. O entendimento discutido desde 16 de março - quando as aulas foram suspensas -, é de que muitos alunos não têm acesso à internet.
— Nossa posição é pela retomada (virtual). Temos uma estimativa de que 96% dos alunos em Caxias teriam condições de participar online. Mas cada campus não pode fazer um movimento diferente dos demais 17 no Rio Grande do Sul. O Conselho Superior irá deliberar sobre o retorno — diz.
Decisão pode sair na sexta-feira
O Conselho Superior (Consup), responsável pela decisão, está em votação desde a semana passada, quando a webconferência ultrapassou cinco horas e foi encerrada. O Conselho Superior (Consup) do IFRS é composto por representantes dos docentes, dos técnico-administrativos e dos estudantes de todos os 17 campi do Instituto.
Segundo Fachinetto, haverá outro encontro na sexta-feira (21), quando possivelmente será decidido como será feita a regulamentação para atividades à distância. Os integrantes que são contrários à retomada argumentam que os alunos sem acesso à internet poderão ser prejudicados e manifestam receio na qualidade de ensino.
— Sabemos que alguns alunos precisarão de auxílio. Sairá um edital para inclusão digital na tentativa de incluir o maior número de estudantes possível — adianta, sem citar detalhes.
Enquanto isso, a comunidade interessada sente-se sem norte algum.
— A desinformação nos causa ainda mais preocupação! — completa Renosto.