A formação de gelo na pista da BR-116, em Caxias do Sul, provocou ao menos cinco acidentes na manhã desta quarta-feira (15). O fenômeno foi identificado em quatro pontos do perímetro urbano da rodovia: nos acessos ao bairro Planalto e à localidade de São Romédio, no km 141, pouco depois de Ana Rech para quem segue a São Marcos, e quatro quilômetros depois, no km 137, mais próximo de Parada Cristal.
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Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), das cinco ocorrências, apenas uma teve lesão. A vítima foi um motociclista que fraturou a perna. Ao menos outras duas ocorrências envolveram queda de motociclistas, os que mais sofrem risco em situações assim.
Por volta das 7h45min, policiais jogavam sal no asfalto junto ao acesso a São Romédio para auxiliar no derretimento do gelo. O sal misturado à água faz com que a temperatura necessária para o congelamento seja muito menor do que o habitual 0°C da água doce. Dessa forma, o gelo acaba derretendo pelo fato de a temperatura ambiente ser maior que a necessária. No km 137, contudo, a PRF ainda monitorava o trânsito na metade da manhã devido à persistência da lâmina de gelo.
De acordo com a meteorologista Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia, é normal que os pontos de congelamento levem horas para se desfazer em pontos onde a luz do sol praticamente não chega, comuns em áreas serranas. Rodovias que cruzam regiões assim também costumam ter pontos de água correndo sobre a pista e isso é decisivo quando se combina dias frios e secos, condição também necessária para ocorrência de geada.
— Isso ocorre quando há temperaturas muito baixas e há poucas nuvens. A geada se forma quando o vapor de água no ar não passa pelo estado líquido e congela direto, o que é conhecido como sublimação. No asfalto, a água já está na fase líquida. Quando há possibilidade de geada, existe possibilidade de gelo na pista — alerta.
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura mínima registrada em Caxias foi de 1,4°C, superior, portando, ao ponto de congelamento da água. Ainda assim, o gelo se formou porque o solo costuma estar mais frio.
— A temperatura medida na estação normalmente está a dois metros de altura. Quando se chega mais perto da superfície, a temperatura é mais baixa ainda. Por isso falamos que existe possibilidade de geada com 4°C ou menos — explica Maria Clara.
O fenômeno não costuma ocorrer quando o dia começa com temperaturas baixas, mas há vento ou nebulosidade. Inclusive porque as nuvens costumam segurar o calor mais próximo da superfície que resfria durante a madrugada.
Cuidado no trânsito
As lâminas de gelo podem chegar a dois centímetros de espessura e causam a perda da aderência dos pneus dos veículos com o solo. Somado a isso, as camadas nem sempre são visíveis e podem pegar os motoristas de surpresa. Por conta disso, em manhãs frias e com formação de geada, a recomendação é sempre redobrar a atenção no trânsito, especialmente ao passar por um ponto onde se observa umidade na pista.
— É importante a redução de velocidade e não frear bruscamente — alerta o chefe da unidade de Vacaria da PRF, Rodrigo Aver Pizzolatto.
Já a meteorologista Maria Clara Sassaki recomenda estar atento à previsão do tempo, já que dias de geada favorecem o congelamento da pista. Além disso, é importante ter pneus com boa aderência ao solo e verificar as condições do radiador do veículo. Isso porque, se não houver o resfriamento necessário do motor, pode ocorrer perda de força em áreas de serra.