A mudança de bandeira na macrorregião de Caxias do Sul está causando uma grande polêmica neste início de semana. O Governo do Estado afirma que os números apontam um quadro que poderá piorar e ser mais crítico até o final do mês de junho. Tomando por base os dados das 49 prefeituras da região fica claro que esse mês iniciou com taxas de crescimento expressivas no número de contaminados e até de ativos para a infecção. O aumento passa de 60% na estatística de novos infectados pelo coronavírus.
Leia mais
Acompanhe os casos confirmados na Serra
Leite ouve prefeitos da Serra; decisão sobre possível mudança de bandeira só após reunião com gabinete de crise
Associação dos Municípios de Turismo da Serra quer reavaliação e implantação de bandeira amarela
Pelos dados das prefeituras, no dia 1º de junho, a covid-19 apontava 2.040 casos confirmados, espalhada por 34 cidades da macrorregião. O número de recuperados ainda não havia disparado, e era de 1.388. Esses números, se faz necessário pontuar, retratavam um cenário de contágio ainda da segunda quinzena do mês de maio. Ainda assim, eram relativamente seguros. O número de mortes estava em 36, sendo que metade era registrada em Bento Gonçalves. Caxias do Sul não havia ultrapassado 200 exames positivos.
A partir de então, alguns números colocam em xeque a argumentação dos chefes de poder público dos 49 municípios. Em 15 dias, houve um aumento expressivo na região, totalizando 3.325 casos – crescimento de 62% em testes positivos. Isso reflete diretamente nas internações hospitalares. O número de recuperados está em 2.670, sendo que 578 pessoas têm a infecção ativa. Essa queda não é significativa para uma quinzena.
Na segunda, Caxias do Sul divulgou novo boletim epidemiológico e bateu duas marcas que chamam a atenção. Pela primeira vez, foram registrados 72 exames positivos. E com 422 infectados, tendo 212 recuperados, são 202 moradores com a infecção ativa. Essa é uma marca que desde o dia 11 de março não havia sido alcançada.
Bem verdade que esse alto número de infectados tem relação com dois surtos específicos na região. Em Nova Araçá, foram registrados 477 testes em um frigorífico, no dia 5. Caxias contabiliza 36 infectados de um frigorífico localizado no bairro de Ana Rech — e esse número tende a crescer nos próximos dias com os resultados dos exames em todos funcionários da empresa. Pontos que demonstram a circulação do vírus ainda mais presente no sexto mês do ano.
As cinco cidades com maior incidência da covid-19, somadas até segunda, já respondiam por muito mais que o número total de casos positivos no dia 1º de junho. Ao todo, 2.449 contaminados. Esse crescimento contrapõe o argumento dos prefeitos de que as taxas de aumento no número de casos estão em queda.
MORTES AUMENTAM
Um dos dados que mais chama a atenção, e que preocupa, é o número de vítimas da covid-19. O coronavírus não é o responsável direto por ocasionar mortes, no entanto acelera alguns quadros pré-existentes. Por isso, muitos colocam em dúvida esse dado.
Até o dia 1º de junho, a macrorregião de Caxias do Sul, com suas 49 cidades, somava 36 mortes. Em 15 dias, o salto foi para 57 pessoas que perderam a vida a partir da infecção, média de 1,4 confirmação a cada 24 horas.
Dos 20 óbitos registrados nesse período, Bento Gonçalves soma 11. Caxias e Vacaria tiveram três cada, nesse mesmo período. Carlos Barbosa, com duas vítimas, Garibaldi e Nova Petrópolis, com uma cada, completam a lista.
COMPARE
Dados até 1º de junho
:: Casos confirmados: 2.040
:: Recuperados: 1.388
:: Mortes: 36
:: Ativos: 616
:: Incidência em: 34 municípios
Dados até dia 15 de junho
:: Casos confirmados: 3.325
:: Recuperados: 2.690
:: Mortes: 57
:: Ativos: 578
:: Incidência em: 37 municípios
Leia também
Primeiro paciente a receber plasma convalescente no Rio Grande do Sul deixa a UTI
"Antes de entrar em coma, ele estava muito arrependido", diz filho de paciente que está na UTI com covid-19