
A Serra foi classificada com bandeira laranja, ou seja, de risco médio, no novo modelo de distanciamento controlado estabelecido para o Rio Grande do Sul pelo governo estadual.
Isso significa que a partir de segunda-feira (11) os 49 municípios que compõem a região de Caxias do Sul (cidade mais populosa entre elas) deverão seguir além das normas impostas a todo território, como o uso obrigatório de máscaras e distanciamento mínimo entre as pessoas, também determinações específicas para as atividades econômicas na região. No total, são mais de cem atividades cada uma com um protocolo para o seu funcionamento, de acordo com a cor da bandeira.
O novo modelo, que é um avanço no distanciamento social já que considera as características regionais, foi detalhado pelo governador Eduardo Leite na tarde deste sábado (9) por meio de uma transmissão ao vivo em rede social.

O governador apresentou o mapa do Estado com as bandeiras de classificação das 20 regiões nas quais ele foi dividido e anunciou a publicação para este domingo (10) de um decreto com as novas normas. Reforçou ainda que caberá às administrações municipais decidirem se adotarão medidas mais restritivas do que as impostas pelo governo estadual, mas elas não poderão ser mais brandas.
– Vamos conseguir atuar, no local, no momento e na proporção que for demandado e necessário para que a gente possa reduzir o nível de contágio. É um modelo inovador, inédito no Brasil, que estamos liderando, com muita ciência, com análise de dados – disse Eduardo Leite ao iniciar a apresentação.
Para classificar as regiões foram utilizados 11 indicadores, como número de novos casos, óbitos e leitos de UTI disponíveis, entre outros. Cada indicador recebeu as cores das bandeiras e acordo com o grau de risco – preta (altíssimo), vermelha (alto), laranja (médio), amarela (baixo). O indicador mais severo que a região de Caxias teve foi o que traz o número de casos ativos e o número de casos recuperados da doença, que recebeu a cor vermelha. Lembrando que são levados em conta os dados de todas as cidades que fazem parte daquela região.
Para exemplificar como poderão operar algumas atividades na região da Serra, o setor de restaurantes poderá funcionar no sistema a la carte ou prato feito com 50% dos funcionários, além dos sistemas take away (pegue e leve) e tele-entrega. Da mesma forma, lancherias e padarias. Sistema de buffet permanece proibido. No caso dos hotéis, poderão funcionar com 50% dos quartos.
O comércio varejista de rua também poderá atuar com 50% dos trabalhadores, ou seja, presencial restrito, ou nas outras modalidades de take away, tele-entrega e teletrabalho. O funcionamento de centros comerciais ou shoppings segue esses mesmos critérios do comércio de rua, mas com restrição de 50% da lotação permitida para o estabelecimento.
A indústria é dividida por setores como o da construção, alimentos, têxteis, vestuário, móveis, veículos e etc. Na região, a maioria poderá atuar com 75% dos trabalhadores, a exceção da construção (50%) e alimentos, bebidas e farmoquímicos e farmacêuticos (100%).
O transporte municipal de passageiros na Serra poderá funcionar com 60% da capacidade do veículo, o intermunicipal com 75%. Já o transporte de carga com 100% dos trabalhadores e o aéreo com 50%.
Na área de serviços, casas noturnas, bares e pubs continuam com abertura proibida, assim como clubes sociais e esportivos; academias de ginástica podem operar com 25% dos trabalhadores; da mesma forma cabeleireiros; lavanderias com 50% dos funcionários; missas ou cultos religiosos com 25% do público, conforme capacidade de cada local; bancos e lotéricas com 75% dos funcionários.
A cor laranja ou risco médio significa que a região está em um desses cenários: média capacidade do sistema de saúde e baixa propagação do vírus ou alta capacidade do sistema de saúde e média propagação do vírus.
A cada semana será feita nova avaliação dependo do movimento que a região tiver nos quesitos. Se a propagação da doença aumentar e não haver implemento no número de leitos de UTI, por exemplo, a região que tem bandeira laranja pode ter a cor alterada para vermelho e, com isso, mais restrições às atividades. As revisões devem ocorrer pela equipe de governo aos sábados e as adequações passam a valer sempre nas segundas-feiras.
– Os indicadores de propagação muitas vezes são antecedentes aos de capacidade (hospitalar). Então, quando está aumentando muito o número de casos confirmados a gente já espera que ali adiante vá ter maior busca pelos leitos de UTI, por isso a gente usa os dois indicadores. Se ficarmos só com os de capacidade podemos detectar o avanço tarde demais – explicou Pedro Zuanazzi, diretor do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão, durante a transmissão.
No site distanciamentocontrolado.rs.gov.br será possível acompanhar as informações sobre o modelo, inclusive fazer pesquisas por cidade e tipo de atividade.
Participaram da divulgação as secretárias Arita Bergmann (Saúde) e Leany Lemos e Pedro Zuanazzi (Planejamento, Orçamento e Gestão) e o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa.
– Este nosso modelo não é flexibilização. O que vai acontecer se uma região começar a experimentar maior número de internações, comprometimento da capacidade de atendimento, maior volume de disseminação do vírus, ela vai migrar para uma bandeira que vai impor mais restrições e, se nada acontecer na semana seguinte, vai migrar para mais restrições ainda. Vai ser feito na medida da necessidade – declarou o Eduardo Leite.