A manhã deste sábado foi mais feliz para centenas de pessoas que participaram da ação social Pão Solidário em Caxias do Sul. Parte delas porque receberam e outra parte porque doaram. A iniciativa partiu de uma provocação feita pelo frei Jaime Betega ao Celio Gobetti, diretor comercial da G.Paniz, empresa fabrica máquinas e equipamentos utilizados em panificação.
É que, a interrupção das aulas, em função do distanciamento social adotado por causa da pandemia de coronavírus, fez com que os estudantes – crianças e adolescentes – ficassem sem as refeições que faziam nas escolas. Isso acabou agravando a situação de vulnerabilidade das famílias pobres do município.
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Aceito o chamamento, Gobetti, pediu a colaboração de clientes e parceiros e uma rede de solidariedade se formou. O grupo conseguiu duas mil unidades de pãezinhos e também arrecadou produtos para montar 300 kits de higiene, com papel higiênico, sabonetes, detergentes, entre outros.
Às 5h de sábado os pães foram para o forno e às 9h eles já estavam no primeiro ponto de entrega, a Casa Brasil, no bairro Reolon. Cerca de 100 famílias foram receber as doações. A Guarda Municipal ajudou a organizar a fila para que não houvesse aglomeração. Depois, o grupo seguiu até a Casa de Passagem Carlos Miguel, no bairro Fátima, Casa Santo Antônio, no bairro Santa Fé, Casa de Acolhida São Francisco de Assis e Casa Santa Alegria, ambas no Cinquentenário, totalizando 300 famílias atendidas. As instituições integram o projeto Mão Amiga.
– Esperamos que outras empresas e instituições também façam. Sabemos que não vamos conseguir resolver a situação mundial das pessoas pobres, mas temos certeza que hoje conseguimos dar uma alimentação digna a essas pessoas. Nossos corações estão felizes e nossas almas aquecidas – disse Gobetti.
Segundo os voluntários, tanto a produção quanto a entrega seguiram os protocolos de higiene e de segurança.
Participaram com doações a Panfácil, Embalagens Franzoi, Metalcubas e Óticas Lisboa.
Doações se somaram a outros produtos para famílias no Santa Fé
No Santa Fé, quando os voluntários do Pão Solidário chegaram, por volta das 11h, já havia uma pequena fila à espera dos donativos. Meia hora depois, ela havia triplicado de tamanho e contava com dezenas de moradores. Balbolês (aquele brinquedo de criança em formato de círculo) foram dispostos no pátio para marcar a distância entre as pessoas.
Os pães e kits de higiene levados pelo grupo se somaram a outros produtos obtidos por meio de doações e foram entregues a 69 famílias em situação de vulnerabilidade do Santa Fé que são assistidas pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Santo Antônio. Na sede, as crianças e adolescentes têm atividades no turno oposto ao da escola. O filho da confeiteira Sheila Rodrigues Almeida, 30 anos, é um deles. Na manhã de sábado, ela foi buscar os alimentos para ajudar a abastecer a casa onde mora com o marido e os dois filhos.
– É muito válida essa ajuda deles. O projeto também é maravilhoso – diz a moradora.
João Luiz da Silva, 52, foi buscar uma cesta básica para a ex-sogra que cuida de quatro netos, entre eles, o João Vitor de 11 anos que é filho de seu João e foi junto com ele pegar os donativos. Os dois saíram de lá carregando sacolas com os produtos da cesta, pães, kit de higiene, frutas e legumes.
– É bom. Ajuda – resumiu seu João em poucas palavras.
Os moradores que não ficam sabendo das entregas vão receber em casa.
– Temos um grupo de whatsapp com as famílias, mas nem todos têm acesso, então, parte entregamos aqui e outras levamos até a casa delas – explicou Emilly dos Santos Gomes, psicóloga do Mão Amiga.
O seu Celso Conceição, 63 anos, diz que pega alimentos para ele e a família, mas que também ajuda a distribuir entre os vizinhos.
– O que vem é bem-vindo porque com a situação que a gente anda, não pode nem sair de casa – falou o aposentado agradecido.