
As baixas temperaturas já são realidade no Rio Grande do Sul, sobretudo nas cidades da região da Serra. No amanhecer de sábado (4), os termômetros marcaram 7,9ºC em Serafina Corrêa e 8ºC em São José dos Ausentes. Já em Caxias do Sul, a mínima ficou na casa dos 10ºC. Em tempos de coronavírus, a chegada do frio é motivo de preocupação.
Leia mais:
Flores da Cunha terá estrutura provisória para atender pessoas com sintomas respiratórios
Unimed de Bento Gonçalves tem atendimento exclusivo a pacientes com sintomas de coronavírus
Para a infectologista Anelise Kirsch, médica do Controle Municipal de Infecção de Caxias do Sul, as baixas temperaturas previstas para os próximos meses podem ser um desafio extra na luta contra a covid-19. O principal motivo é o aumento nos casos de internações hospitalares durante o inverno — em função não só de problemas respiratórios, como gripe e pneumonia, mas também devido a infartos e crises reumáticas, que são mais comuns no frio.
— O número de internações geralmente cresce nessa época, o que pode atrapalhar o enfrentamento da covid-19. Por outro lado, a prevenção do coronavírus e das doenças respiratórias é a mesma. Em 2009, lembro que tivemos queda nas internações por gripe e até mesmo por conjuntivite porque as pessoas estavam se cuidando mais devido aos casos de H1N1. Talvez se repita neste ano — pondera a médica.
Idosos, crianças de até 12 anos e pessoas com histórico de problemas respiratórios, como asma ou bronquite, são os grupos mais vulneráveis durante o inverno. Por isso, a recomendação é reforçar as medidas de prevenção indicadas pelas autoridades de saúde: ficar em casa o máximo possível e lavar as mãos com frequência. Outra dica é manter algumas janelas abertas, afim de aumentar a circulação de ar.
— O ideal é manter o isolamento. Para quem não pode ficar em casa, é preciso ter cuidado ao pegar transporte público e, se ficar em locais fechados, deixar alguma janela aberta. E claro: lavar as mãos muitas vezes ao longo do dia. Eu sei que no frio pode não ser convidativo, porque a água fica gelada, mas é importante para a saúde — orienta Anelise.
Ações para diminuir o impacto
O secretário da Saúde de Caxias do Sul, Jorge Olavo Hahn Castro, segue a mesma linha de raciocínio: as baixas temperaturas dos próximos meses devem dificultar a luta contra o coronavírus, tendo em vista o aumento de internações hospitalares por doenças respiratórias e a consequente ocupação de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Entre as medidas para diminuir o impacto, Castro destaca a antecipação da campanha nacional de vacinação contra a gripe e a criação de dois centros de triagem junto às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Central e Zona Norte.
— Os casos mais leves já serão atendidos e medicados ali mesmo, sem necessidade de internação. As barracas contam com clínico geral e pediatra. Cinco UBSs (Unidades Básicas de Saúde) já trabalham com horário estendido e, nos próximos dias, teremos mais uma. Nos hospitais, teremos leitos de isolamento tanto para influenza quanto para coronavírus — detalha o secretário.
Dicas para o inverno em tempos de coronavírus:
:: Evite aglomerações de pessoas, especialmente em ambientes fechados e mal ventilados, inclusive em casa.
:: Se agasalhe para manter o conforto térmico.
:: O uso de ar condicionado baixa a umidade do ar, o que resseca as mucosas da narina e da garganta, diminuindo a proteção contra vírus e bactérias. Nesse caso, use umidificadores de ar ou bacias com água nos ambientes climatizados.
:: Limpe o filtro do ar condicionado com frequência.
:: Mantenha a casa arejada. A ventilação ajuda a levar partículas do vírus embora. Se o dia estiver muito frio para abrir as janelas, escolha ao menos um cômodo da casa em que o ar possa circular.