O coronavírus mudou a rotina de Helena, 89 anos, e Irma Bertani, 94. Isoladas do restante da família em uma parte da casa em razão do risco iminente de contrair a doença, as irmãs de Bento Gonçalves, que já foram, respectivamente, costureira e doceira de mãos cheias, também foram convocadas a ajudar. Assim, passam horas dos dias de quarentena produzindo máscaras de tricoline para serem doadas a hospitais e entidades que sofrem com a falta do item de proteção individual.
Leia mais
#juntoscontraovírus: cervejaria de Gramado agora é linha de produção de álcool gel
#juntoscontraovírus: caxiense ajuda a criar "nova fórmula" para o álcool gel
#juntoscontraovírus: UCS busca doações para produzir álcool gel
#juntoscontraovírus: mãos que produzem protetores faciais
#juntoscontraovírus: mãos engajadas na causa do Hospital São Carlos
#juntoscontraovírus: mãos que fazem TNT virar proteção
#juntoscontraovírus: mãos que distribuem segurança
A ideia contagiou a família inteira. A produção está a todo vapor desde segunda-feira e a estimativa é que sejam confeccionadas 800 peças. Por dia, serão 30 novas máscaras que sairão da velha máquina de costura de mais de 60 anos de Helena. O tecido e as fitas utilizados vieram de doações de uma loja da cidade.
– Moramos todos juntos, mas quando começou o coronavírus separamos a casa e elas ficaram em um lado, com uma cuidadora, e a minha família no outro. Vendo o tédio que elas estavam, surgiu essa possibilidade. Pedi para elas, que logo se prontificaram, pois sempre foram assim a vida toda – conta María Fernanda Bertani, 37, sobrinha-neta de Helena e Irma.
Aliás, hoje, conforme a empresária Regina Flores, mãe de Fernanda, a rede de solidariedade contaminou Bento. Tanto que ela faz questão de destacar que já são várias as pessoas que estão fazendo o mesmo pela cidade com o intuito de ajudar.
– Além de tricoline, muita gente está usando o TNT (tipo de tecido). É muito bonito ver isso acontecendo. O ser humano geralmente não é um bicho bom. Mas, nessas horas, ele também mostra o que tem de melhor. É momento de parar de fazer política e que todos trabalhem para ajudar. Sinto falta disso no nosso país, não existe essa cultura da solidariedade – comenta Regina.