O primeiro mês de 2020 encerrou com 243 casos de ameaça, lesão corporal, estupro e tentativa de assassinato de mulheres registrados junto à polícia nos três municípios mais populosos da Serra. É isso que aponta o levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, divulgado nesta segunda-feira (10). Somados os casos de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha, a média é de oito casos por dia.
O crime mais comum é o de ameaça, com 156 registros. Em seguida, está o de lesão corporal, com 81. Foram ainda cinco estupros e uma tentativa de feminicídio. Os dados mostram uma redução nos registros em relação a janeiro de 2019, quando foram 285 casos.
A titular da Coordenadoria da Mulher em Farroupilha, Fernanda Camargo da Silva, diz que os casos levados à polícia ainda estão abaixo do número de mulheres que de fato são vítimas de violência.
— Para ser uma ameaça, não precisa ser de morte. Pode ser ameaça de retirar o filho, por exemplo. Esse tipo de violência muitas vezes não é registrado — exemplifica Fernanda.
A delegada Deise Salton Brancher Ruschel, da Delegacia da Mulher de Bento Gonçalves, conta que, além da subnotificação, é muito comum que mulheres que fizeram a ocorrência tentam retirar a queixa.
— Metade ou mais querem retirar a ocorrência (depois do primeiro registro) — comenta, ao explicar que isso só pode ser feito em audiência no Judiciário.
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Conforme a delegada, essa medida só pode ser tomada em determinados casos. Por exemplo, crimes de lesão corporal e tentativas de feminicídio sempre são investigados.
Feminicídios
Os três municípios mais populosos da região não tiveram nenhum feminicídio em janeiro, mas na Serra foram dois casos: em Canela e em Nova Petrópolis. Em janeiro de 2019, uma mulher foi morta por violência relacionada ao gênero na Serra. O crime foi em Garibaldi.
Denúncias
Para denunciar casos de violência contra a mulher, é possível ligar para o Disque 100 ou para o Disque-Denúncia pelo telefone 181. Além disso, há os Centros de Referência da Mulher, delegacias especializadas e a Defensoria Pública.
Quando buscam ajuda, as mulheres também podem ser encaminhadas para projetos que buscam encerrar o ciclo de violência. Em Farroupilha, por exemplo, a Coordenadoria da Mulher em parceria com psicólogas voluntárias oferece sessões de terapia gratuitas.
Outra forma de fazer com que as mulheres não consigam romper o relacionamento ocorre quando os homens as forçam a deixar o mercado de trabalho ou impedem que busquem formação para conseguir uma vaga de emprego. Em Caxias, a coordenadoria tem parcerias para encaminhar vítimas de violência para colocação em empresas e instituições de ensino.