Segue agora para o Vaticano, o processo que poderá proclamar santa a religiosa Madre Bárbara Maix, apontada como a intercessora de um suposto milagre registrado no final de 2018 em Santa Lúcia do Piaí, no interior de Caxias do Sul. Em Roma, o processo será analisado pela equipe de especialistas da Santa Sé, incluindo médicos e teólogos. Em caso de confirmação, o Papa aprovará, por meio de decreto, o milagre atribuído à intercessão da Bem-Aventurada e, na sequência, confirmará a data da canonização.
A conclusão da etapa de investigação, que incluiu coleta e análise de depoimentos e documentos da miraculada, será celebrada com uma missa nesta quinta-feira (27), na Catedral de Santa Teresa, centro de Caxias. O ato será presidido por Dom José Gislon, a partir das 16h, encerrando oficialmente a fase brasileira do processo.
Na Itália, o material será endereçado à Congregação para a Causa dos Santos, tendo como postuladora (espécie de advogada), a Irmã Gentila Richetti, que integra a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, ordem religiosa fundada por Madre Bárbara. Ela embarca para o Vaticano no dia 27 de março.
Segundo ela, não há previsão de conclusão do processo uma vez que ele dependerá da avaliação das comissões que examinarão a cura da mulher que sofreu graves queimaduras de 2º e 3º grau enquanto fabricava sabão, no final de 2018. Familiares e a comunidade invocaram a intercessão de Madre Bárbara. Em 13 dias, a mulher teve alta hospitalar, sem sequelas e completamente curada. Até o momento, a cura rápida não encontra explicação à luz da ciência.
— A expectativa é muito viva, a Congregação vive isso de forma intensa, com comunhão de oração, divulgação em mais de 20 países e retomada das fontes que iluminam nossas vidas para os dias de hoje — relata a Irmã Gentila que participa da celebração em Caxias e depois se prepara para a viagem no Santuário São Rafael, em Porto Alegre, onde estão depositados os restos mortais da Bem-Aventurada Madre Bárbara.
De acordo com a religiosa, duas cópias do processo serão remetidas a Roma pela Nunciatura Apostólica (espécie de embaixada do Vaticano), em Brasília, ou pelas mãos o bispo Dom José Gilson, que participa de encontro com bispos em Roma em março
— A celebração desta quinta-feira será de ação de graças pela herança de fé que passa de pai para filho, pelo amor do filho para com os pais, dos irmãos entre si e pela união de toda comunidade pela vida de um membro — completa a postuladora.
A BEM-AVENTURADA BÁRBARA MAIX
Nascida na Áustria em 1818, Madre Bárbara Maix tornou-se a primeira mulher beatificada, no Rio Grande do Sul. Perseguida em Viena, pela sua opção pela vida religiosa, mudou-se para o Brasil, em 1848. No ano seguinte, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Viveu no Brasil por 25 anos, dos quais, 11 no Rio de Janeiro e 14 anos em Porto Alegre, onde trabalhou no atendimento às meninas pobres e desvalidas. Também teve passagem pelas cidades de Rio Grande e Pelotas. Faleceu em 17 de março de 1873, no Rio de Janeiro. A causa de canonização foi iniciada em 1993, em Porto Alegre.
A vida cristã de Bárbara Maix, o testemunho de santidade e a cura milagrosa do menino Onorino Ecker, também vítima de grave queimadura, ocorrido em 1944, em Santa Lúcia do Piaí, fizeram com que o o Papa Bento XVI a proclamasse Bem-Aventurada (ou beata, em italiano). A beatificação aconteceu no dia 6 de novembro de 2010, em cerimônia religiosa realizada no Gigantinho, em Porto Alegre/RS, com público de mais de 20 mil pessoas. Para a canonização, a Igreja pede a ocorrência de um novo milagre, processo que passará a correr junto ao Vaticano.