O sargento Luciano Maier Rodrigues, natural de Caxias do Sul, 44 anos, o soldado Emérson Simonioni Ribeiro, 27, de Vacaria, e o soldado Douglas Flores Vaz, 28, de São Marcos, passaram por momentos de tensão entre a tarde desta quarta (16) e a manhã de quinta-feira (17). Os três, que participavam das buscas ao adolescente Victor Garcia Maciel, 15 anos, que morreu afogado no Rio da Antas, em Flores da Cunha, ficaram em um bote nas águas do rio durante toda a noite.
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Uma pane na embarcação em que eles estavam, aliada a uma forte correnteza, fez com que a equipe não conseguisse voltar ao ponto de encontro, na Capela Santo Antônio, em Flores da Cunha, ainda na quarta. Eles deveriam ter retornado por volta das 18h. Abatidos e cansados, os três foram resgatados por volta das 8h30min de quinta-feira, na divisa de Nova Pádua com Nova Roma do Sul.
A experiência e a certeza de que seriam encontrados no segundo ponto de encontro na hidrelétrica Castro Alves, fizeram com que eles mantivessem a calma.
— Um dos treinamentos dos bombeiros é passar a noite na água, mas nunca passei por momentos assim. Tem um ditado que diz: quando estiver perdido, se oriente, mantenha a calma e se alimente. Foi o que fizemos.
Mesmo com a experiência, ele admite que o trio viveu momentos tensos:
— Optamos por manter a energia, então passamos a noite remando. Durante a madrugada, a temperatura baixou muito. Assim que um sentia frio, o outro assumia o remo para nos mantermos aquecidos. Foram os piores momentos — lembra.
Segundo Maier, até havia a possibilidade de parar na margem do rio para passar a noite, mas eles optaram por seguir remando devido à necessidade de se manterem aquecidos. Ao todo, eles se deslocaram por pelo menos 15 quilômetros entre o local das buscas e a hidrelétrica, onde foram encontrados.
Maier é o mais experiente do trio, com 20 anos de serviço militar. Ao lado dele, no bote, dois jovens que entraram na última turma:
— Foi um trabalho de equipe. Nosso objetivo era resgatar o jovem que estava desaparecido. Graças a Deus voltamos bem para casa.
Os três passaram cerca de 12h remando para se manterem aquecidos. Eles chegaram ao quartel de Flores da Cunha por volta das 10h30min.
"Tinha convicção de que estavam bem", afirma comandante do 5° BBM
O tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro, responsável pelo 5º Batalhão de Bombeiros Militar (5° BBM), afirma que a experiência da equipe, principalmente do sargento Maier, foi essencial para que tudo corresse bem.
— A suposição de que estavam bem e vivos é porque sabemos que são experientes e especialistas em resgates. Eles estavam com equipamentos de proteção individual, em um bote adequado, mas havia a dificuldade de comunicação.
O comandante ressalta ainda que o rio cheio e a correnteza forte, que prejudicou as buscas ao adolescente que foi encontrado morto na quarta-feira, também refletiu no retorno da equipe, que enfrentou uma pane na embarcação.
— Existiu a preocupação, é claro. Eles são preparados e são oficiais que estavam exercendo a profissão, mas acima de tudo são seres humanos, que têm famílias.