Em entrevista à Rádio Gaúcha Serra na manhã desta terça-feira (22), o presidente do Sindimoto/RS, Valter Ferreira, afirmou que a grande quantidade de mortes envolvendo motociclistas no trânsito brasileiro está voltada à falta de educação no trânsito, qualificação e pouca visualização do profissional em meio as ruas, avenidas e estradas que cortam as diferentes cidades do país. Para ele, o motociclista, mesmo tendo muitos defeitos, não pode somente receber um olhar singular de que é o problema de todos os acidentes envolvendo motos. Mesmo assim, admitiu que os poderes regentes, como DENATRAN, DETRAN e órgãos municipais de fiscalização, precisam executar as leis de trânsito, com o intuito de educar quem está errado e colocando vidas em risco. Ferreira afirmou que a lei, como a de aprovação de uma carteira de habilitação para motocicleta, deveria passar urgentemente por mudanças.
—Eles (DENATRAN e DETRAN) dizem que é arriscado colocar um motociclista que está iniciando sua habilitação em contato com o público. Na minha visão, isso não ocorreria de imediato. O aluno teria que ter todo um preparo, todo um ensinamento para depois adentrar no trânsito. Hoje nós não temos isso. Ele fica ali naquele cercadinho às vezes de muro, às vezes coberto por conta da chuva e não tem contato com nada. Depois disso, recebe uma habilitação, que nada mais é do que uma permissão, para poder trafegar entre carros, pedestres e animais sem qualquer preparo, sem qualquer conhecimento e nós vemos essa quantidade de acidentes que ocorre aí— diz.
Conforme o presidente do Sindimoto/RS, o que está acontecendo no Brasil e no Rio Grande do Sul é um fato grave em relação a acidentes de trânsito. Valter salienta que de todos os registros de acidentes no país, 77% do total, estão envolvidos motociclistas. O sindicalista disse ainda, que diante desses números, o governo federal deveria investir em mais políticas de educação no trânsito, quando hoje o mesmo gasta com recursos para hospitais que todos os dias estão com leitos cheios de pessoas envolvidas e mutiladas pelo trânsito brasileiro.
—É muito simples ver essas estatísticas. As motocicletas há anos vem mantendo o primeiro lugar, o que é muito ruim. Os acidentes com mortes são um conjunto de mau uso da motocicleta e de falta de conhecimento. Se o governo utilizasse parte dos 32 bilhões que gasta por ano pra recuperar acidentados e investisse cursos de qualificação, independente de ser profissional ou não, nós teríamos uma mudança satisfatória na condução da motocicleta. Estendo isso aos carros, uma vez que recém habilitados não tem noção nenhuma de como pilotar na via. Aliás, gente não pode excluir ninguém— reforça.
Em Caxias do Sul, desde o início do ano, já foram registradas pelos órgãos de trânsito da cidade, 53 mortes. Destas, 17 foram de motociclistas e outras 2 de pessoas que estavam na carona.