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Uma semana após o fechamento de quatro bancas de revistas em espaços públicos de Caxias do Sul, a maior parte dos antigos proprietários ainda não sabe como vai trabalhar daqui para a frente. Apenas uma banca, que ficava na Rua Alfredo Chaves, próximo à prefeitura, retomou as atividades. O estabelecimento fica agora na Rua Tronca, entre a Alfredo Chaves e a Rua Marcílio Dias.
Conforme a proprietária, Ivanda Francescatto, 64 anos, a sala onde a banca funciona desde segunda-feira (29) pertence à família, o que impede que haja custos adicionais em relação ao endereço anterior. No entanto, ela ainda mantém esperanças de voltar às atividades no espaço onde trabalhou por 34 anos e do qual diz ser dona. A mulher diz que vai participar da licitação, caso seja lançada pelo município.
— Bom era lá, porque já conhecíamos os clientes. Foi tudo muito complicado, e ainda está sendo, porque tínhamos toda uma vida pela frente, projetos — comenta.
Apesar de ter que se reestruturar às pressas, Ivanda diz que parte dos clientes já frequenta o novo endereço.
— Eles já estão procurando, devagar, mas estão começando.
Quem também ainda tenta manter alguma atividade é Roque Simas, 56, que administrava a revistaria da Rua Marechal Floriano, próximo ao Postão 24h. Desde o fechamento, na última quarta-feira (24), ele guardou o material encaixotado em uma loja nas proximidades e tem ido ao estabelecimento esporadicamente para atender a clientes colecionadores.
— Não dá para me manter, mas é para eles não perderem as coleções — explica.
Simas também afirma ser dono da estrutura do quiosque, mas diz que não pode remover devido à liminar que impede alterações ou demolição dos espaços. Caso fosse autorizado, o levaria para uma área privada para reabrir a banca. Enquanto isso, ele conta que aguarda um possível desdobramento do caso para decidir o que fazer.
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Quem também ainda não definiu os próximos passos é Ana Furlan, 69, proprietária da Banca da Ana, que ficava na Praça Dante Alighieri. Ela diz que aguarda eventuais medidas que podem ser adotadas pelo advogado.
— Por enquanto, não pensei em nada. Vou deixar os nervos se acalmarem e depois vou ver o que fazer. Gostaria de voltar — destaca.
O sentimento dela é compartilhado por Rogério de Mello, 66, que mantinha há 40 anos a banca na Praça João Pessoa, em São Pelegrino.
— Ainda estou meio em choque, mas vamos ver o que vai acontecer. Estamos vendo algo para fazer, até no ramo, mas foi tudo muito em cima (da hora). Banca de revista hoje não é muito rentável, então se tiver que pagar aluguel muito alto não tem como — afirma Mello, que não estava na cidade quando a banca foi fechada.
O advogado Adir Rech, que representa as bancas, ainda analisa a legislação e casos semelhantes para definir se vai entrar com algum recurso. Ele argumenta que, se a lei que tramita na Câmara de Vereadores para tornar as bancas patrimônio cultural imaterial for aprovada, os espaços terão que ser reabertos.
— Nesse aspecto, as bancas vão voltar. Aprovado o projeto, não tem o que fazer.
Já a procuradora geral do município, Cássia Kuhn, disse que a prefeitura avalia a ocupação que será dada aos quiosques. Segundo ela, a decisão judicial permite, inclusive, que sejam instalados equipamentos públicos nos locais.
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