O volume de pedidos na Hamburgueria Juventus dá uma amostra de como o comportamento se inverte no frio em Caxias do Sul. No domingo, dia 30, data em que as temperaturas começaram a declinar, a demanda por telentrega cresceu 55%. Saltou de uma média de 160 pedidos para 250, performance que se repetiu no último domingo (7). Os motoboys é que precisaram se desdobrar para não entregar o lanche gelado e garantir um dinheiro a mais.
— Mas o movimento interno não reduziu até porque colocamos lareira e aquecedores — conta a coordenadora da telentrega, Claudine da Silva.
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Agnicayana Posser, gerente de marketing do Baita-Kão, tem uma percepção diferente. A circulação de clientes é menor no salão, embora não tenha dados. Para ela, a situação também está relacionada ao consumo de guloseimas. Como as famílias optam por não botar o pé na rua, é normal que passem o dia inteiro se alimentando mais, mas de pipoca e chocolate, entre outros produtos calóricos. Logo, restaurantes ficam em segundo plano. Para garantir a comida aquecida na telentrega, o restaurante adota uma regra básica.
— Estamos trabalhando com o aquecedor mais próximo da saída da telentrega, no caso, a comida fica numa sala fechada e o entregador só tem acesso após a porta estar fechada para evitar que o vento gelado atinja o prato — exemplifica Agnicayana.
Isaac Jasper precisa pedalar muito mais para entregar a comida quente. Embora tenha a bolsa térmica, o ciclista da Uber Eats sabe que o ritmo é fundamental para não entregar uma pizza fria. Para não sofrer com o sereno à noite, Jasper se obriga a usar luvas, jaqueta corta-vento. Por baixo, uma camiseta que absorve o suor e seca mais rápido, item básico contra resfriados.
— No meu caso, faço um perímetro de três quilômetros. Então, acaba sendo uma entrega mais rápida. Tu acaba se acostumando com o frio, é meu emprego extra — conta Isaac.
No final de semana, muitos condomínios e restaurantes tiveram que repor gás antecipadamente. Dono de uma representação da distribuidora Supergasbras, Alexandre Gil atendeu diversos clientes sem combustível.
— A venda é 40% maior. Fizemos muitas entregas de emergência, diria que 200% a mais, principalmente para condomínios. Em média, a gente leva de 10 a 15 minutos para levar o gás. Agora, a demora é de 20 a 30 minutos por causa da procura — revela Gil.
Outro ramo que vem exigindo esforços é o de eletricistas. Na tentativa de extrair o máximo de água quente, as pessoas queimam chuveiros. Mas há outro transtorno agregado: o uso simultâneo de estufas, ar-condicionado e equipamentos elétricos. Entre tantos pedidos de socorro, André Luiz de Brum, dono da Head Help, foi procurado na última sexta-feira (5) para um caso corriqueiro:
— Haviam ligado chuveiro e ar-condicionado ao mesmo tempo. O fio de alimentação não aguentou e estourou. As pessoas não sabem que somente o chuveiro consome quase toda a capacidade da rede monofásica. Se liga um aparelho mais potente ao mesmo tempo, pode dar problema. Neste inverno, o serviço cresceu 30%.
Dono de uma casa de carnes, Daniel Genoatto percebeu há tempos que ter lenha embalada é um chamariz para quem tem lareiras. Nos últimos dias, ele dobrou o estoque e vendeu quase tudo no final de semana.
— Claro que as pessoas usam mais lenha ultimamente para fazer churrasco, mas tenho que colocar muito mais no inverno.
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