Hoje é difícil encontrar quem não tenha um celular — e faça tudo com o aparelho. Ligações, pagamento de contas, fotografias: é fato que estamos cada vez mais acostumados a fazer praticamente tudo pelo telefone. Por que seria diferente na hora de dirigir? Embora seja frequente avistar motoristas com o aparelho na mão, o número de autuações por segurar ou manusear o celular ao volante em Caxias do Sul vem diminuindo. Segundo informações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), de janeiro a abril do ano passado, 871 condutores foram autuados por dirigir com o aparelho na mão; neste ano, no mesmo período, foram 745, o que representa uma diminuição de 14%.
De acordo com Joelson Queiroz, gerente de educação da secretaria municipal de Trânsito de Caxias, o índice vem baixando graças às ações da fiscalização, como as atividades de conscientização em escolas e empresas, as blitze educativas e a campanha permanente realizada em Caxias, a Celular e Trânsito: Uma Ligação Perigosa. Porém, ele acredita que os números das estatísticas podem não ser reais:
— Antes as pessoas utilizavam o celular mais no ouvido dentro do carro; hoje o aparelho fica mais nas mãos, principalmente para digitar e ler textos. Por isso atualmente é mais difícil o flagrante pela fiscalização. Posso dizer, seguramente, que há muito mais gente usando o celular no trânsito do que as que aparecem nas estatísticas.
Multas caem, mas atenção precisa seguir redobrada
Dirigir usando o celular é quase ou tão perigoso quanto dirigir bêbado. Isso porque, quando lê ou envia mensagens, o condutor fica distraído e perde a visão periférica, o que aumenta o risco de sofrer um acidente em quatro vezes, de acordo com informações divulgadas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Mesmo com a queda no número de autuações, o assunto continua preocupando autoridades. O Ministério da Saúde divulgou recentemente uma pesquisa, feita em 2018, que mostra que um a cada cinco brasileiros admite fazer o uso do celular enquanto dirige. Os dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) também apontam que as pessoas com idade entre 25 e 34 anos são as que mais assumem esse comportamento de risco. A realidade de Caxias do Sul não é diferente: no mês passado, a secretaria municipal de Trânsito realizou uma blitz e flagrou, em menos de quatro horas, 67 motoristas usando o aparelho. A ação ocorreu entre 13h40min e 17h30min em cruzamentos das ruas Sinimbu e Pinheiro Machado.
Leia mais
Flagrantes por excesso de velocidade quase dobram no trânsito de Caxias do Sul
Número de autuações por falta de cinto triplicam nos primeiros meses de 2019 em Caxias
Pardais estão sendo desligados: confira quais estão nas rodovias da Serra
O Pioneiro também conferiu a situação e observou, durante uma hora, o tráfego de veículos em uma das esquinas mais movimentadas da cidade, a das ruas Sinimbu e Doutor Montaury. Nesse período foi possível contar 17 motoristas cometendo infrações, seja em ligações, trocando mensagens ou gravando áudios com o aparelho na mão. O que também chamou a atenção nesse dia foi o elevado número de pedestres, 45, manuseando o aparelho na rua. Para Queiroz, a prática se torna ainda mais perigosa quando o usuário atravessa a rua com os olhos direcionados para a tela. Isso, segundo ele, prejudica a visão periférica e o tempo de reação, aumentando, por consequência, o risco de atropelamento.
— Durante o nosso trabalho de fiscalização, presenciamos diariamente um alto número de pedestres distraídos, seja digitando ou com som alto nos fones de ouvido. Isso afeta a concentração que devemos ter ao transitar nas ruas, gerando um risco imenso de atropelamento — avalia.