A charge do cartunista Iotti, publicada no Pioneiro do dia 1º de julho, retratou com precisão a conhecida, e antiga, realidade dos ciclistas em Caxias do Sul. A charge mostra as dificuldades enfrentadas por quem tenta utilizar a bicicleta para se locomover e toda a resistência dos condutores de automóveis em aceitar compartilhar o espaço das vias públicas.
Esta percepção do trânsito caxiense é, infelizmente, um fiel retrato. E a reação a esta publicação é um exemplo de comportamento que continua a preocupar. Discursos de violência e até ameaças contra a integridade física de quem utiliza a bike em Caxias do Sul foram vistas nas redes sociais após este episódio.
Quando, em maio deste ano, propus na Câmara dos Vereadores a criação de uma Comissão Temporária para tratar exclusivamente da pauta da bicicleta, sabia da importância em fomentar esta discussão na nossa cidade.
A luta pelo reconhecimento dos benefícios da bike para a mobilidade, para a saúde humana e do meio ambiente é mundial. Nos países desenvolvidos, este é um debate já superado, pois ninguém mais questiona a relevância de investimento em infraestrutura e educação para o trânsito. Aqui no Brasil, no entanto, ainda enfrentamos resistências.
Em Caxias do Sul, a mobilização por avanços é antiga, mas os resultados práticos ainda são modestos. A implementação de iniciativas isoladas acaba, muitas vezes, gerando o efeito contrário ao que se deseja. Por isso, a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana é a resposta urgente e necessária que evitará a adoção de medidas sem planejamento e pouco efetivas.
Todos estes temas estarão nos debates da Comissão Temporária da Bicicleta até o final do ano e reafirmo aqui o convite para que todos contribuam. Mas mais do que infraestrutura, como bem disse o convidado da primeira reunião, Edson Marchioro, o sucesso nesta empreitada depende da mudança de comportamento de todos nós.
Empatia para olhar o outro como um ser humano, e não como um inimigo, é fundamental. Nós somos a transformação que queremos para o mundo e não há melhor data para iniciar a promover mudanças do que agora.
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