Sete bolsas de mestrado e doutorado, viabilizadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) encontram-se suspensas na Universidade de Caxias do Sul (UCS).
As vagas de pós-graduação aguardavam o resultado de processo seletivo para serem concedidas ainda neste mês, mas foram suspensas após decisão da Capes, impactada pelo contingenciamento de verbas promovido pela gestão do presidente Jair Bolsonaro. No total, foram congelados R$ 819 milhões e o maior volume de corte é nas bolsas de pesquisa no ensino superior, que chega a R$ 588 milhões.
Em nota, a Capes disse que os sistemas de concessão de bolsas são fechados todos os meses para a geração das folhas de pagamento e reabertos no início de cada mês. A Coordenação afirmou que efetuou o recolhimento de bolsas que não estavam sendo utilizadas, com número total ainda não divulgado.
— Estamos realmente bastante preocupados, somos uma instituição em que a pesquisa está altamente vinculada à inovação. As bolsas que foram suspensas são vinculadas ao programas de pós graduação, que têm forte vínculo com pesquisa, que gera desenvolvimento — declara Juliano Rodrigues Gimenez, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da universidade local.
As sete bolsas que encontravam-se em espera na UCS eram referentes ao mestrado em Administração, e ao doutorado em Biotecnologia, Direito, Engenharia e Ciência dos Materiais e Letras. De acordo com o pró-reitor responsável, o processo seletivo para estas vagas já estava aberto por meio de edital e a concessão dessas bolsas totalizaria um repasse de R$ 9,5 mil mensais a mais para a instituição.
Atualmente, a UCS conta com 213 cotas do Capes concedidas a pesquisadores matriculados nos 11 doutorados e 10 mestrados acadêmicos disponíveis. As bolsas garantem o desenvolvimento de pesquisas por meio de cursos como Administração, Biotecnologia, Ciências da Saúde, Direito, Educação, Engenharia e Ciência dos Materiais, Engenharia dos Processos em Tecnologia, Filosofia, Letras e Turismo e Hospitalidade.
— Os cursos em andamento não foram afetados, mas cortamos a entrada de novos alunos, isso não é nada positivo; nem para nossa instituição, nem para a sociedade, nem para esses alunos, que gostariam de estar aqui aperfeiçoando seus conhecimentos e gerando resultado de valor pra sociedade. A pesquisa se converte em riquezas, no mais amplo sentido, não apenas econômico, mas também ambiental e social — reforça Gimenez.
De acordo com ele, a Capes não garantiu o retorno das vagas suspensas, por isso a universidade pretende emitir um ofício à entidade, destacando a situação da UCS perante a medida, que também bloqueia o fornecimento de recursos do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior (Prosuc). O programa vinculado ao Capes auxilia no custeio de procedimentos internos da universidade.
O Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação das Universidades da Região Sul (FOPROP SUL) emitiu carta se opondo aos cortes de recursos. "A medida coloca em risco a continuidade de formação de recursos humanos qualificados e o desenvolvimento de pesquisas que poderiam alavancar o crescimento do país. Vai ter impactos negativos em gerações futuras", aponta o documento.
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