Cerca de 30 bois mortos em um acidente ocorrido na semana passada no Km 47 da ERS 122, trecho conhecido como curva da morte entre Farroupilha e São Vendelino, ainda não foram removidos de um barranco.
Moradores da comunidade de Sete Colônias, interior de Farroupilha, que residem a cerca de 30 metros de onde o caminhão está capotado, reclamam do mau cheiro causado pelos restos dos animais. Além do mal estar causado às famílias próximas, a área foi invadida por pessoas que estiveram no local para carnear os animais, vivos e mortos, deixando restos espalhados pela propriedade, dentro de um riacho que fica a menos de 20 metros de algumas moradias.
— Eu vivi um filme de terror nesses últimos dias, não saía de dentro de casa porque fiquei com muito medo — relata a dona de uma das propriedades, Miraci Sonda, 57 anos, que recebeu a reportagem no final da tarde deste domingo (7).
A mulher vive no local há mais de 25 anos e disse nunca ter passado por algo parecido.
— Eu estava em casa na hora do acidente e chorei muito ouvindo os bois agonizarem — lembra a moradora, que trabalha como embaladora em uma empresa de Farroupilha e reside no local com a filha, o genro e o neto de seis anos.
— Naquela mesma tarde alguns bois que sobreviveram estavam soltos aqui no meu pátio, eu fiquei com medo e me tranquei dentro de casa, eles estavam arredios, estavam com medo — conta a Miraci, que ficou ainda mais apavorada quando mais de 10 homens entraram em sua propriedade, com facas em punho, e arrancaram pedaços dos bois deixando partes como a cabeça e as vísceras no riacho ao lado da casa.
— Se não estivesse chovendo hoje eu não estaria em casa, porque o cheiro seria ainda pior — afirmou Miraci ao receber a reportagem na tarde de ontem.
Além do mau cheiro e dos urubus que sobrevoam o local, a contaminação da água também preocupa a comunidade, que sempre cuidou do Rio Verde, que desce da Linha Boêmia e segue em direção a São Vendelino.
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Sem respostas
De acordo os moradores, a empresa responsável pelo transporte dos animais, Reiter Transportes e Logística Ltda, com sede em Nova Santa Rita, chegou a enviar outro caminhão para recolher os bois que estavam soltos, ainda na sexta-feira, porém acabou deixando o local sem concluir o serviço.
— Vieram, não conseguiram pegar e foram embora — afirmou Sidiclei Bastianel, 43, morador da comunidade de Sete Colônias.
Prevendo que o problema se agravaria, também na sexta-feira, o agricultor João Carlos Menti, 49, morador mais próximo do local onde o caminhão caiu, procurou a prefeitura de Farroupilha.
— Me passaram para vários setores e ficaram de dar um retorno — comentou Menti, que também procurou a Polícia Rodoviária e não obteve solução. Ele conta que um dos representantes da empresa ficou de remover os animais na terça-feira.
— Sentimos o descaso e a falta de segurança, o mínimo que poderiam fazer era colocar um policiamento aqui. Tenho três crianças pequenas e uma disse que já está passando mal, não temos como esperar — desabafa Menti.
A reportagem não conseguiu contratar representantes da transportadora ou da prefeitura.