Empresário modelo, reconhecido pela comunidade com uma das personalidades responsáveis pelo desenvolvimento de Caxias do Sul e região, Raul Randon também era um marido dedicado, um pai afetivo e um irmão zelosocom o crescimento dos familiares. Ao lado da mulher, Nilva D'Agostini Randon, sempre tentou se manter próximo dos entes queridos.
Depoimentos da família no documentário Viver e Acreditar, sobre a trajetória dele, dão conta desse lado mais íntimo do empreendedor. A irmã Beatriz Randon Scotti fala do incentivo de Raul para que estudasse, bem como o suporte que deu à mãe e à irmã desde muito cedo:
— Meu pai faleceu muito jovem, aos 56 anos. Praticamente o Raul e o meu irmão Hercílio assumiram a família. Era minha mãe, minha irmã e eu. Tanto a minha irmã quanto eu, estudamos graças ao incentivo do Raul e esses cuidados deles, de não nos deixar faltar nada.
A mulher, Nilva, recorda que o marido nunca foi de levar problemas da empresa para dentro do lar:
— Ele chegava em casa, principalmente quando tinhas as crianças, as vezes ele vinha com as preocupações, não falava muito, mas era participativo. Tinha as minhas cunhadas, que as vezes entravam nas oficinas com as crianças, quando os nossos filhos eram pequenos, com eles no colo e ele pegava eles e dava aqueles beijões. Todo mundo dizia que ele era carinhoso. Ele era um bom pai.
A filha Maurien Randon Barbosa recorda dos rituais do pai antes de sair de casa:
— Minha lembrança é de quando ele saía do banho, tomava o café dele para ir trabalhar. Ele se perfumava muito, até hoje ele gosta de usar perfume. Eu sabia que o cheiro ficava ali pelos quartos, pela sala... Eu lembro que ele e minha mãe tinham uma combinação: até ele não chegar ninguém almoçava. Então, a gente ligava pro escritório e dizia: pai que horas o senhor vem almoçar? E ficava ligando desde quinze para o meio-dia até meio-dia e meia.
— No dia a dia era sempre assim... O pai chegava e a gente sempre tinha atenção. Eu não me lembro de sentir falta dele... Ele viajava, eu até sentia falta e saudade, mas em casa ele sempre estava junto da gente. A gente jantava junto. Estava sempre junto. Fazíamos as refeições juntos. Isso era importante para nós — recorda a filha Roseli Randon.
Em casa, mesmo na companhia dos filhos, também se mostrava o inventivo. David Abramo Randon conta que o pai convidou ele e o irmão Alexandre para fazer um carrinho de rolimã, para cada um dos dois.
— Ele fez dois carrinhos só usando parafusos e alguns grampinhos pra segurar o rolamento na ponta, tudo com furadeira. Ele mostrou, além da dedicação com a gente, o conhecimento. Como opera as máquinas...É o saber fazer e orientar o fazer — rememora Alexandre..
— Queira ou não queira é uma forma, tanto ele quanto o tio Nino, deram um rumo e disseram: olha...Eu acho que é esse o ramo que eu gosto de trabalhar e que quero levar a vida. São coisas assim que marcam a gente — disse David.
Com o filho mais jovem, Daniel, as lições também surgiam no ambiente familiar. Aos 18 ou 19 anos, ele tinha tido o primeiro carro e, quando chegava em casa, o pai perguntava como ele estava, colocava a mão no capô do veículo para saber se estava muito quente e se estivesse já descobria o problema.
— Ele era muito inteligente. Eram essas tiradas que mostravam que ele estava ali...Sempre de olho. Resumindo: a educação dele seguia a regra: te dou mais liberdade, quanto mais tu demonstrar responsabilidade — revela Daniel.
— Eu como filho, e meus irmãos também, a gente tenta seguir os exemplos que ele nos deixou. A gente ama muito ele. E a gente gostaria de que ele, como pessoa, pudesse viver mil anos — completou David, no filme.