Uma temática proposta para a Atividade Prática Supervisionada (APS) na disciplina de Paisagismo e Meio Ambiente foi o que bastou para que os estudantes Thiarly Tonet e Guilherme Sonda criassem o protótipo de um mobiliário urbano que vem causando interesse por onde é exibido. Prestes a encerrarem a graduação no curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), o sucesso do equipamento produzido em 2017, faz com que os jovens moradores de Nova Pádua já prospectem um futuro no qual possam projetar comercialmente a ideia.
Com estrutura em formato circular, o mobiliário é composto por dois bancos com capacidade de quatro a seis pessoas e uma placa fotovoltaica no topo, que capta energia solar e gera eletricidade que possa ser utilizada para recarregar aparelhos eletrônicos. Conforme exemplificam, o equipamento, por meio das placas fotovoltaicas, pode acumular energia durável para uma semana, mesmo em dias nublados. No centro do espaço há também uma mesa entre os dois bancos.
— O grande diferencial está nas vantagens ecológicas. Além de termos utilizado madeiras de reflorestamento, temos a captação e geração de uma energia limpa — destaca Thiarly Tonet , 23 anos.
E o potencial do projeto já vem chamando atenção: recentemente, os estudantes emprestaram o protótipo para uso em um piquenique promovido por uma adega em Nova Pádua:
— As pessoas elogiaram muito. O que está nos surpreendendo são essas opiniões positivas de todos que viram e utilizaram nosso mobiliário — comenta Guilherme Sonda , 22 anos.
Apesar do curto período de divulgação, os estudantes informam que já receberam 12 pedidos, porém, comentam que ainda se articulam para lançar no mercado a peça, embora já adiantem que o mobiliário deve custar menos do que a maioria dos equipamentos semelhantes hoje existentes.
— Estimamos que custe quase metade, mas ainda é cedo para garantir isso porque estamos projetando os custos de produção junto a uma empresa — ressalta Thiarly.
De condomínios a praças públicas
— Demoramos bastante pra terminar, tínhamos que conciliar com nosso trabalho(eles são sócios de uma mobiliária em Flores da Cunha). Acho que, ao todo, levamos uns três meses — comenta Thiarly ao avaliar de forma modesta o processo de produção.
Apesar da composição singela e do pouco volume de material, ele afirma que houve relativa dificuldade em conquistar parcerias para mão de obra e custeio do projeto. Devido a isso, os estudantes precisaram desembolsar quase 50% do custo de produção. No entanto, a intenção deles é agora confirmar acordo com uma empresa que ficaria responsável em fabricar a estrutura em nível industrial.
Sobre o potencial de mercado, Guilherme ressalta que houve prioridade em tornar o mobiliário o mais leve possível para barateamento de frete, o que deve ainda ser aprimorado durante o aperfeiçoamento do projeto.
— Vamos desmembrá-lo novamente para tentar utilizar a menor quantidade possível de solda e obter cortes para que ele seja desmontável. Isso facilitaria o transporte dele para outras cidades, por exemplo — ressalta Guilherme.
Os estudantes também avaliam a possibilidade de tornar mais compacta a estrutura para que ainda seja possível carregá-la em elevadores e ser utilizada em coberturas de prédios. Com isso, a intenção dos jovens é atrair interesses tanto para áreas residenciais como também emplacar em espaços públicos de lazer:
— Já combinamos de colocar o mobiliário em um condomínio para avaliação dos moradores. Também queremos deixá-lo durante um período em praças públicas para teste — complementa Guilherme.
"Pode inspirar muitos outros alunos"
Apesar de ter sido responsável por assessorar a APS de Thiarly e Guilherme, a professora da disciplina de Paisagismo e Meio Ambiente da FSG, Joana Matos Paradeda, atribui todo o sucesso do projeto exclusivamente aos estudantes:
— A ideia partiu toda deles. Eu só ajudei em alguns aspectos técnicos durante o processo. Mas todo o esforço da execução foi mérito dos guris — exalta.
Os jovens, no entanto, ressaltam que mesmo que tenham viabilizado de forma independente a ideia na prática, a instituição foi importante para o desenvolvimento.
— Tivemos a ideia a partir do tema da disciplina que era justamente criar um mobiliário urbano com apelo ecológico. Se não fosse isso não teríamos criado (o equipamento). Além disso, se não fosse esse tempo que tivemos para elaborar o projeto na faculdade, não teríamos como ter arranjado (tempo) fora dali — comenta Guilherme.
De acordo com a professora, o grande diferencial, sobretudo, foi o fato de os estudantes terem tirado a ideia do papel.
— Temos muitos projetos legais que são realizados todos os anos. A diferença é que nenhum ou quase nenhum é executado, fica só no papel. Quem sabe o sucesso conquistado pelo Thiarly e o Guilherme possa inspirar outros alunos a acreditarem nas suas ideias — destaca Joana.