Não há estatísticas oficiais que indiquem o número de pessoas que enfrentam um tratamento contra o câncer de mama em Caxias do Sul. No entanto, um levantamento feito pelo Pioneiro nas principais clínicas especializadas na cidade indicam um número superior a 2,5 mil pessoas. Esses casos representam em torno de 35% dos cerca de 7,2 mil pacientes em tratamento contra algum tipo de câncer na cidade.
Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) feito em 2016 indica que, na Serra, surgem 74 novos casos para cada 100 mil mulheres a cada ano. O índice é superior à média nacional, que registra 56 novos casos a cada 100 mil mulheres.
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Também não há dados sobre a incidência da doença em mulheres jovens, com menos de 35 anos, mas o pesquisador goiano Ruffo Freitas Junior diz que o crescimento para este público varia entre 5% e 7% ao ano.
A maioria dos médicos mastologistas e oncologistas de Caxias também não hesita em afirmar que o número de casos aumenta a cada ano e trás desafios aos especialistas. Esse é o tema de um workshop que reunirá especialistas amanhã à noite no auditório do Hospital Geral (HG) – as vagas para o evento estão esgotadas.
A pergunta é: qual a causa de tantas mulheres jovens terem câncer de mama? Não há uma causa específica, explica a oncologista Janaina Brollo. Ela enfatiza, no entanto, que a alimentação e os hábitos de vida são implicadores na etiologia do câncer. Outro detalhe preocupante é a demora para diagnosticar corretamente a doença.
— Muitas vezes, as mulheres precisam passar por vários médicos até chegar a um diagnóstico. As mais atentas insistem e descobrem o tumor por conta própria — revela Janaina.
Demora no diagnóstico
Esta demora para detectar o câncer é a causa do alto índice de mortes nesta faixa etária. Isto porque os tumores se apresentam rapidamente e com maior agressividade.
— Detectá-los precocemente aumenta as chances de oferecer melhores possibilidades terapêuticas.
Segundo Janaina, toda a paciente com diagnóstico de câncer de mama antes dos 35 anos e com histórico familiar deve ser encaminhada para avaliação oncogenética. Uma vez diagnosticada como portadora de uma mutação patogênica, informa a oncologista, ela deve receber uma orientação específica de rastreamento para outras neoplasias.
— Nesses casos, o risco para o desenvolvimento de outro câncer chega a 80%. A família também deve ser rastreada e orientada.