O fim do programa Caxias Acolhe, serviço que recebia moradores de rua em horário noturno, dá espaço para uma versão mais individualizada de atendimento para este público. É o que defende a Fundação de Assistência Social (FAS) ao apresentar na manhã desta quinta-feira o projeto SuperAção, que institui ações no âmbito da assistência social, saúde, educação e qualificação profissional para cada morador de rua que aderir à ideia. O Caxias Acolhe deixa de funcionar a partir da sexta-feira, desocupando o espaço da Rua Andrade Neves. Os moradores deverão ser acolhidos via Centro Pop Rua, que fica na Rua Duque de Caxias, no Pio X. De lá, serão encaminhados para uma das três casas de acolhimento, que são a Carlos Miguel dos Santos, São Francisco de Assis e Celeiro de Cristo. O novo destino não servirá apenas como dormitório para estas pessoas, segundo afirma a presidente da FAS, Rosana Menegotto, mas sim como uma rede assistencial mais completa do que oferecida até esta quinta-feira em Caxias do Sul.
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– Estamos reorganizando a rede de serviços de atenção à população em situação de rua. O programa Caxias Acolhe era para, inicialmente, ter rondas noturnas. Mas ele foi desvirtuado e se transformou numa casa que recebia pessoas para dormir. Então não podia nem ser caracterizado como um serviço de acolhimento institucional, que só oferecia pernoites – explica.
Na prática, cada morador de rua que manifestar interesse receberá ajuda para confeccionar documentos, para consultas e tratamento de dependência química, se necessário. Estão incluídas ações de direcionamento para rede escolar, como Educação de Jovens e Adultos (EJA), e por fim, para uma rede que o fortalece profissionalmente. Ainda em elaboração, um programa de qualificação profissional deverá deixá-los prontos para o mercado de trabalho ou ajudá-los com atividades ligadas diretamente à renda.
– Cada morador terá um Plano Individual de Atendimento, o PIA, que dirá quanto tempo deve permanecer nesta casa e quais os objetivos neste tempo. Ele poderá aceitar ou não participar deste projeto, porque tem o direito de permanecer na rua. Mas não queremos ampliar o número de leitos nas casas, queremos torná-los mais independentes, que superem suas dificuldades –justifica Rosana.
Caxias Acolhe encerra atividades
A casa alugada que sedia o Caxias Acolhe, na Rua Andrade Neves, fechará as portas nesta sexta-feira. Ainda que a prefeitura não sustente que o principal intuito de reformar o Caxias Acolhe seja enxugar gastos, a mudança na proposta gerará economia de R$ 75 mil mensais, incluindo aluguel e gastos com refeição e outros serviços. Os funcionários que trabalhavam no Caxias Acolhe eram deslocados de outros serviços da própria FAS, retornando assim aos postos de origem. O processo de transição com os usuários do Caxias Acolhe começou na semana passada, segundo a diretora de Proteção Social Especial, Ana Maria Franchi Pincolini.
– Sai de lá feliz e confiante na conversa que tivemos com os próprios moradores de rua. Eles puderam escolher para qual casa gostariam de ir e entenderam a proposta – argumenta.
Aluisio de Moraes Paixão, 43 anos, já escolheu seu novo lar: irá para a Casa Carlos Miguel dos Santos. O baiano usa o serviço do Caxias Acolhe desde dezembro, quando desembarcou em território gaúcho em busca de emprego. A situação que encontrou é bastante diferente do que escutava:
– Percebi que não tinha nem emprego para quem é daqui. A ideia agora é trabalhar uns dois meses e juntar dinheiro para voltar para minha terra.
Com experiência na área de eletrônica, Aluisio agora depende bastante do serviço ofertado pela rede pública. Se diz satisfeito com o que encontrou por aqui, mas reconhece que o ambiente da casa que hoje fica na Andrade Neves não era tão digno.
– Tentaram me assaltar lá dentro. Os vizinhos tinham razão em muitas vezes reclamar – resume.
Assistência Social
Caxias Acolhe fecha as portas e novo programa aos moradores de rua funcionará a partir de sexta
A casa que fica na Andrade Neves será fechada
Raquel Fronza
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