Um seminário discutirá nesta quarta-feira em Caxias do Sul as consequências do jogo da Baleia Azul e outros comportamentos perigosos envolvendo crianças e adolescentes. O encontro "Baleia Azul: da banalização da violência ao suicídio" é aberto à comunidade e ocorre na Universidade de Caxias do Sul (UCS), às 19h30min. Pelo menos duas cidades da Serra – Farroupilha e Carlos Barbosa – já registraram o envolvimento de jovens com o jogo. Por isso, a ideia do encontro é não deixar que o assunto caia no esquecimento e provoque a atenção dos pais, defende a professora de Psicologia Maria Elisa Carpena, uma das palestrantes.
– Nada parou de acontecer. No lugar da Baleia Azul, surge o jogo das Fadas, que lida com crianças menores e as incentiva a ligar o gás de casa à noite, ou vídeos no Youtube que incentivam o suicídio. A ideia de que elas estão seguras só por estarem em casa é falsa. O conteúdo que elas podem ter acesso na internet é muito perigoso – alerta Maria Elisa.
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Quando o desafio da Baleia Azul virou assunto na internet, houve quem cogitasse que ele não passasse de farsa. A psicóloga diz que interpretá-lo dessa forma é uma irresponsabilidade e alerta que a conversa sobre ele deve ser insistida pelos familiares. Ela também chama a atenção para a banalização do comportamento do adolescente: ainda que sejam normais os momentos de reclusão ou dificuldade de diálogo, isto não pode ser visto como algo permanente.
– Não é porque é adolescente que pode ficar trancado horas no quarto. É mais comum que aconteça na adolescência, claro, mas isto precisa ser monitorado. As vítimas são jovens com um grau de fragilidade emocional importante – avalia a psicóloga.
A taxa de aumento do suicídio entre jovens, que cresce de modo lento mas constante, é estudada por acadêmicos do curso de Psicologia da UCS. A grande brecha é entender porque, de fato, cada vez mais jovens tiram a própria vida. De acordo com o Mapa da Violência, a taxa de taxa de suicídios na população brasileira de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 - um aumento de quase 10%. O mapa é um estudo publicado a partir dos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Por faixa etária, o número de suicídios aumentou 40% entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Já entre os jovens de 15 a 19 anos o crescimento foi de 33%.
– O que faz com que estes jovens se envolvam em jogos como este é o grande problema. Pessoas mal intencionadas sempre existiram, mas esse interesse por parte dos jovens é o que deve ser debatido – defende Maria Elisa.
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