A noite do domingo e a madrugada desta segunda-feira foram marcadas por mais violência em Natal e na região metropolitana. Em uma nova onda de ataques, criminosos incendiaram dois veículos em uma área próxima ao Morro do Careca, um dos principais cartões-postais da cidade. Também na Ribeira, bandidos incendiaram três motos e dois carros no anexo da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU).
Por volta de 1h, pelo menos 14 presos da fugiram do Centro de Detenção Provisória (CDP) da Ribeira, na zona leste da capital potiguar.Um grupo ainda tentou colocar fogo no Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo dos Bombeiros, localizado no bairro de Lagoa Seca. Os bombeiros perceberam a ação e impediram o ataque. Os suspeitos fugiram e deixaram um galão de gasolina para trás.
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No início da manhã desta segunda-feira, sob a escolta de policiais militares, parte da frota de ônibus começou a circular. Segundo o sindicato das empresas de transporte, cerca de 50% da frota está nas ruas e a população segue prejudicada pela falta de coletivos. Diversas escolas e estabelecimentos comerciais optaram por manter as portas fechadas nesta segunda-feira.
Até as 9h30min desta segunda-feira, o governo estadual confirmou a prisão de 60 pessoas por envolvimento nos ataques. O clima na capital potiguar ainda é de apreensão entre moradores e turistas.
O secretário de Segurança Pública do RN, Ronaldo Lundgren, pediu aos moradores do Rio Grande do Norte que mantenham a rotina diária.
– A população se sente assustada, mas ao mesmo tempo se sente com a responsabilidade de mostrar que o temor não pode interferir na rotina diária. Precisa agir com precaução, mas precisa manter a situação constante – disse.
Sobre as ameaças que circulam nas redes sociais, supostamente enviadas por presos insatisfeitos com a instalação dos equipamentos, o governo do estado informou, em nota, que "mantém plano de contingência, preventivo e repressivo, para evitar que venham a ser concretizar (as ameaças)" e recomendou à população que mantenha suas atividades normais, "com a cautela de evitar a propagação de boatos e informações não confirmadas".
A Secretaria da Educação e da Cultura também informou que as atividades na rede estadual de ensino estão mantidas e que não há motivos para a interrupção das aulas.
O governo do Rio Grande do Norte ainda confirmou que receberá apoio de mil homens do Exército e 200 fuzileiros navais da Marinha que reforçarão as forças policiais do estado, após uma série de ataques a ônibus e prédios públicos desde a última sexta-feira em cidades do interior e na região metropolitana de Natal. A previsão é que as tropas cheguem ao estado ainda esta semana.
– Houve um entendimento (do governo federal) da nossa situação, a despeito do grande esforço de garantir a segurança das Olimpíadas com o efetivo das Forças Armadas e da Força Nacional. Agora, estamos reunidos para discutir os detalhes do emprego dessa tropa – disse nesta manhã Lundgren.
O envio das tropas foi autorizado pelo presidente interino, Michel Temer, após pedido do governador do Estado, Robinson Faria. Segundo a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Rio Grande do Norte, 60 pessoas já foram presas, incluindo um traficante apontado como um dos chefes do sindicato do crime no estado, grupo apontado como articulador da onda de violência.
– Temos a decisão de não retroceder, de expandir o controle – disse Lundgren.
Os ataques começaram na sexta-feira, segundo o governo local, em retaliação à instalação de bloqueadores de celular no Presídio Estadual de Parnamirim, em Natal. O governo informou que o local foi selecionado para funcionar em regime diferenciado de gestão penitenciária, portanto, terá prioridade na adoção de controles e restrições mais rígidos. O secretário disse que cerca de 40 veículos foram incendiados em todo o estado, parte do transporte urbano, parte de veículos oficiais.
– Temos um dado levantado pelo setor do transporte urbano de prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões em ônibus incendiados. Nas repartições públicas, os danos foram pequenos, embora tenha um simbolismo importante, não temos ainda contabilizados – disse.