O aumento do vandalismo tem alterado a forma como famílias sepultam e cultuam seus mortos em Caxias do Sul. Para evitar que as lápides instaladas para homenagear quem já se foi sejam vandalizadas, pessoas deixaram de escolher o tradicional metal e agora optam por materiais alternativos. É que argolas cromadas e molduras metálicas para fotos afixadas aos túmulos são alvos frequentes de vândalos, em grande parte usuários de drogas que usam os itens como moeda de troca. Empresas que prestam serviços funerários chegam a notar queda de mais de 90% na procura por metal.
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A baixa busca fez Elio Luiz Rama não renovar o estoque de argolas de metal cromado. Autônomo na produção de lápides e fotos para cemitérios há 30 anos, ele conta que hoje a preferência é por puxadores confeccionados com a própria pedra. Quanto às fotos, a maior procura é pela porcelana, sem moldura, que não tem valor comercial no mercado criminoso de furtos e pequenos roubos. Os escritos também deixaram de ser de metal: a opção é gravar os dados diretamente em mármore ou granito, mais difíceis de serem removidos, ou na porcelana.
- Hoje 95% não quer nem saber do metal. O metal foi bom uns anos atrás, mas hoje tem que procurar outra coisa - avalia.
Entre os clientes, pessoas que procuram consertar danos. Empresária do mesmo segmento, Vera Facchin, da Marmoraria Facchin, conta que a maior parte de quem procura manutenção tem túmulo no Cemitério Público Municipal.
- Ontem mesmo (quinta-feira) vieram aqui com uma placa toda quebrada, onde ficavam as fotos. Noto que o maior problema é no cemitério público, porque é mais aberto - constata Vera, que também percebeu grande baixa nos pedidos por metal.
Apesar do problema ser maior no Cemitério Público Municipal, a insegurança muda a rotina também em locais particulares. Por causa de assaltos, os administradores do Cemitério de Nossa Senhora de Lourdes instalaram uma campainha e agora o portão fica chaveado durante todo o dia. Desde o início do ano, famílias que costumam depositar flores e acender velas precisam se identificar para poder entrar. Silvana Fátima Bortolozo, uma das responsáveis pelo cemitério, diz que já foi assaltada dentro do cemitério duas vezes.
- Dependendo da pessoa que vem, a gente nem abre - afirma a mulher.
Vandalismo
Por causa de vandalismo, famílias deixam de usar metal em túmulos de cemitérios de Caxias
Empresas que prestam o serviço chegam a notar queda de mais de 90% na procura pelo material
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