Mudanças no vestibular da UCS, de Caxias, dividem opiniões

A decisão tomada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), de aplicar as provas objetivas apenas para os cursos mais concorridos, está dividindo opiniões e mudando a rotina de estudantes que pretendem entrar para o ensino superior. A partir do próximo concurso de inverno, dia 26 de junho, os vestibulandos de Medicina, Veterinária e Odontologia terão seus conhecimentos testados com mais exigência. Além da redação, eles responderão a questões de português, língua estrangeira, conhecimentos gerais, biologia e química. Os demais, apenas farão uma prova de redação.

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O argumento da universidade é de que o sistema, que está sendo estudado há dois anos pela instituição, vai facilitar o acesso ao ensino superior. A coordenadora-geral do processo seletivo na UCS, Valneide Azpiroz, ainda garante que a mudança é uma tendência mundial. Em Caxias, pelo menos duas faculdades têm a redação como único instrumento de seleção.

- Não estamos fazendo nada de tão inovador. O Ministério da Educação exige apenas que as universidades tenham a redação nos processos de seleção e as instituições, então, têm autonomia para escolher os métodos. Pode não ser uma mudança permanente. Não descartamos, por exemplo, incluir as provas objetivas para cursos que hoje não têm. Estamos recebendo críticas, mas a maioria é positiva, principalmente de professores - aponta.

Mas muitos docentes não concordam com a novidade na UCS. Max Dantas leciona história em um curso pré-vestibular e acredita que a exclusão da prova objetiva para alguns cursos ilustra a crise da educação e das políticas educacionais do país.

- Facilitar o ingresso banindo disciplinas tão importantes, como história e geografia, coloca em cheque o trabalho de centenas de professores. A exclusão dessas matérias tende a criar um vácuo no processo de ensino e aprendizagem - afirma.

Franciele Vieira, professora de história do ensino médio, diz que muitos dos alunos do último ano ficaram frustrados diante das alterações no processo de seleção da instituição de ensino:

- Muitos tinham a ideia de que tudo o que estudam ao longo da educação básica seria cobrado de alguma forma no vestibular. A história, grande responsável pela formação de cidadãos mais conscientes e participativos, deveria ser básica para todos os cursos, por exemplo.

Contra os argumentos de que as mudanças no concurso poderiam desestimular os alunos a estudar outras disciplinas além de português, Valneide diz que todo o conhecimento pode e deve ser usado na redação.

- Nada é perdido do que aprendemos durante a jornada de estudos. A redação, que neste ano terá três temas ao invés de dois, permitirá que o aluno demonstre tudo o que sabe nos argumentos.

Mais atenção ao português

As inscrições para o concurso da UCS começam na segunda e Kauany Rodrigues, 20 anos, ainda não decidiu se vai optar por Medicina ou Psicologia. Mas como está mais inclinada a ser psicóloga, depois que ficou sabendo das mudanças na universidade, passou a dedicar o seu tempo de estudo para a língua portuguesa. Não deixou de fazer exercícios de química, mas agora seu foco é pontuação e interpretação de texto.

- Tenho mais facilidade com questões de biologia, mas agora tenho que melhorar os meus argumentos. Antes dividia as minhas horas entre todas as matérias, agora quase não vejo mais nada de química. Não aprovei o novo método. Sei que os alunos terão aulas específicas quando entrarem na universidade, mas achava boa essa cobrança de todos os assuntos - acredita.

Ao contrário de Kauany, Luana Ferredrigo, 22, vibrou que terá que se dedicar apenas à redação, já que pretende ser fisioterapeuta. A caxiense sempre gostou de escrever e acredita que as questões de química e biologia poderiam atrapalhá-la no concurso.

- Não tenho facilidade com essas disciplinas. Aí terão os que vão dizer que para cursar fisioterapia eu tenho que saber tudo sobre esses assuntos, mas eu vou adquirir todo o conhecimento que precisarei para trabalhar nas cadeiras que vou cursar, né?