A morte de Astor, um cão da raça dobermann, causou comoção nas redes sociais. O animal definhou sob o sol e sem água no pátio de um mercado da Rede Apolo de Bento Gonçalves, no domingo.
Segundo a responsável pela comunicação na ONG Todos Por um Focinho, Cassiana Baldasso Vaz, que recebeu a denúncia de moradores próximos ao depósito, a corrente do animal ficou presa a uma pedra e reduziu a movimentação do bicho, impedindo-o de buscar abrigo e água. Quando Astor recebeu atendimento, já era tarde demais. O cão ficava no depósito da filial da Rua Fortaleza, no bairro Botafogo.
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Até a tarde de ontem, o post com as fotos do cão havia sido compartilhado 585 vezes e recebeu mais de 200 comentários.
- Não é a primeira vez que recebemos esse tipo de reclamação sobre este depósito. Eles sempre tiveram cachorros, sempre acorrentados e os vizinhos contam que não é a primeira vez que precisaram dar água para os animais - conta Cassiana.
Até o fechamento desta edição, o Pioneiro não havia conseguido contato com o diretor da rede Apolo, Antônio Cesa Longo. Em nota divulgada no Facebook, Longo afirma que sempre houve cães no local e o atendimento veterinário era frequente. O empresário lamenta o ocorrido e confirma a morte do cachorro, que morava no depósito havia mais de 10 anos. Ele nega que os animais ficassem sem água.
"A guia oferecia uma área de 300 metros quadrados para o seu deslocamento, com água e abrigo e servia exclusivamente para preservá-los de possíveis riscos, mas acabou sendo acavalada por uma pedra, bloqueando sua movimentação. Esta guia existe há mais de 30 anos e nunca havia acontecido tal incidente, que infelizmente aconteceu em uma dia com um calor escaldante, com temperatura muito acima do normal, cerca de 38°C", afirma o diretor, por meio da nota.
Em outro trecho, Longo afirma ter ido ao local no final da manhã de domingo, quando tudo estava bem com os cães e critica a postura das pessoas que não avisaram imediatamente a empresa.
"Lamentamos que outras pessoas possam ter visto este animal, no seu sofrimento, e não tenham entrado em contato imediatamente, o que poderia ter salvo nosso companheiro".
Dificuldade para acionar socorro
No domingo, os vizinhos do mercado teriam tentado acionar os Bombeiros e a Brigada Militar. Por telefone, foram orientados a procurar a Polícia Ambiental da cidade, conforme Cassiana. Sem obter retorno, os moradores entraram em contato com o gerente do mercado. Cerca de uma hora depois, funcionários de uma clínica veterinária foram ao local.
- Com um depósito daquele tamanho eles mantém os cachorros acorrentados. Achamos um absurdo que as pessoas ainda utilizem cães como guardas nessas condições, sendo que há outros meios para isso - complementa a representante da ONG.
Um dia antes da morte do bicho, a prefeitura de Bento alertou nas redes sociais sobre maus-tratos contra animais. A recomendação era para que testemunhas desse tipo de violência entrassem em contato imediatamente com a polícia.
- A negligência é total aqui na cidade, de todos os órgãos, ninguém assume a responsabilidade e acaba ficando tudo a cargo das protetoras e ONGs. Neste ano, reduziram em 50% a verba para a castração. É uma luta diária - define a protetora.
O que pode ter ocorrido com o Astor
A médica veterinária Manoela Maria Bianchi explica que os cães possuem menos glândulas sudoríparas do que as pessoas. Por esse motivo, têm mais dificuldade para manter equilibrada a temperatura corporal, principalmente, quando submetidos a altas temperaturas e sem abrigo, o que pode ter sido o caso de Astor.
- Os cães fazem a troca de calor pela língua e, ao permanecem por muito tempo no sol, podem apresentar uma intermação, que é o aumento excessivo da temperatura corporal. Isso faz com que desidratem e podem até entrar em choque e ir a óbito - destaca a profissional.
Bento Gonçalves
Morte de cachorro causa comoção em Bento Gonçalves
Preso a uma corrente, cão teria morrido sob o sol forte e sem água
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