Uma rede de esforços do poder público conseguiu reduzir em 40% os casos de gravidez em meninas com até 14 anos e em 5% as gestações entre garotas dos 15 e 19 anos no ano passado em Caxias do Sul na comparação com 2010. Os resultados desse trabalho multiprofissional também teriam impactado na queda da taxa de mortalidade infantil na cidade, que caiu de 12,8 mortes em cada mil nascimentos em 2010 para 9,6 óbitos a cada mil em 2015.
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Uma das ações responsáveis pela redução do número de adolescentes grávidas é a distribuição de métodos contraceptivos modernos e duradouros, que podem ser implantados - mediante autorização de uma responsável - nas jovens usuárias de drogas ou que vivem em zonas de risco, evitando que tenham filhos indesejados. Quando a conscientização não é eficaz e a gravidez acontece, a rede municipal se encarrega de oferecer acompanhamento individual às adolescentes, ensinando desde a forma correta de segurar o bebê até o que é preciso saber nos primeiros anos de vida.
Essa rede de acompanhamento compreende o trabalho de visitadores, assistentes sociais e outros profissionais que atuam em programas como o Bebê tem Hora Certa e o Primeira Infância Melhor (PIM). De acordo com o diretor de Programas e Políticas de Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, médico Dino de Lorenzi, o contraceptivo no formato de implante custa em torno de R$ 600 por paciente, recurso custeado pela própria secretaria. Apesar do valor elevado, ele leva vantagem sobre a pílula e o preservativo, por exemplo, porque não há o risco de a paciente esquecer de tomar ou não ter na hora da relação sexual. A medicação é aplicada na região subdérmica do antebraço e tem duração de três anos. O procedimento existe desde 2011 e reflete diretamente na redução de bebês nascidos em situação de vulnerabilidade, acredita o médico.
- Nosso maior desafio é fazer com que a menina que teve um filho aos 14, 15 anos, não engravide novamente em um período de um ano, por exemplo, o que era costume em regiões mais pobres - destaca.
Adolescentes identificadas com perfil de possível gestante precoce recebem o implante ou a injeção de anticoncepcional (que precisa ser renovada a cada três meses) assim que forem cadastradas. A ideia é dar condições para que elas cheguem até a fase adulta com, no máximo, um filho. As equipes atuam nos bairros Reolon, Mariani, Santa Corona (loteamentos Conquista e Adamatti), Villa Lobos, Vergueiros, Vila Ipê, Canyon, Santa Fé, Belo Horizonte e Portal da Maestra.
- Nós despertamos a criação do vínculo e do autocuidado da gestante e com o bebê. O contato olho no olho e o carinho com a menina a deixam menos angustiada e mais segura com a criança, já que, muitas vezes, elas não têm isso em casa - afirma a coordenadora do PIM em Caxias, Valeska Rama Molardi.
GESTANTES DO SUS CADASTRADAS NO SISPRÉNATAL
Em 2010
De 10 a 14 anos: 65
De 15 a 19 anos: 812
Em 2011
De 10 a 14 anos: 63
De 15 a 19 anos: 827
Em 2012
De 10 a 14 anos: 49
De 15 a 19 anos: 833
Em 2013
De 10 a 14 anos: 57
De 15 a 19 anos: 916
Em 2014
De 10 a 14 anos: 52
De 15 a 19 anos: 818
Em 2015
De 10 a 14 anos: 39 (-40%)
De 15 a 19 anos: 771 (-5%)
NÚMEROS
* Em 2010, o índice de grávidas com menos de 14 anos era de 2% do total de gestantes cadastradas no SUS. Em 2015, esse índice caiu para 1%.
* Em 2015, 60 meninas receberam o anticoncepcional injetado subcutâneo. Destes, 40 foram em meninas abaixo 15 anos, sete em jovens dos 16 aos 19 anos e 13 em moradoras de rua.
Saúde
Cai o número de adolescentes grávidas em Caxias do Sul
Queda de jovens com até 14 anos gestantes no ano passado reduziu 40% na comparação com 2010
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