Preencher a carteirinha de vacinação dos filhos Bernando e Laura tem sido tarefa desgastante para Juliana da Silva Fernandes, 26 anos. Desde que saiu do hospital com os gêmeos, hoje com quatro meses, a caxiense fez uma peregrinação por diversas unidades básicas de saúde (UBSs) em busca de uma que tivesse todas as doses recomendadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações.
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Moradora do Santa Lúcia Cohab, Juliana conta que, no primeiro mês dos pequenos, em novembro, procurou o posto do bairro. Porém, foi informada de que a geladeira que armazena as vacinas estaria estragada e, portanto, não tinha as doses. A mãe, então, foi encaminhada para as UBSs São José, Tijuca e Cinquentenário. Em nenhuma delas conseguiu encontrar todas as vacinas para imunizar os pequenos, que nasceram prematuros e saíram do hospital somente protegidos contra hepatite. Ela se queixa de não ter conseguido na época as doses de BCG, hepatite B, rotavírus, pneumocócica e meningocócica conjugadas.
- Mesmo longe da minha casa, fui nas três e me disseram que não tinham todas as doses para os dois. Em uma, me informaram que as doses que estavam lá tinham vencido no início do ano, e que não tinha data para novas chegarem - lamenta.
Com medo de andar com os gêmeos desprotegidos, Juliana procurou, ainda no primeiro mês, os postinhos do Santa Fé, Pioneiro e Vila Ipê. Conseguiu vacinar os pequenos no Santa Fé, embora tenha sido orientada que deveria, no mês seguinte, retornar ao Santa Lúcia Cohab. Como ainda estava com a geladeira estragada, em dezembro, o posto encaminhou-a novamente para outra unidade, a do São José, onde Bernardo e Laura foram vacinados. No último mês, a imunização ocorreu no Vila Ipê.
- Será que terei que ir, todos os meses, em todas essas unidades? É sempre uma correria, e para mim é ainda pior porque são dois para levar de um lado para outro - afirma.
Atendimento pode ser agendado
De acordo com a coordenadora da vigilância epidemiológica do município, Mônica Renosto, a geladeira que armazena as vacinas na UBS do Santa Lúcia Cohab será consertada nesta quinta. Mônica garante que a secretaria não recebeu mais reclamações de moradores sobre a dificuldade em conseguir as vacinas. A coordenadora, porém, admite que faltam vacinas em Caxias, mas não as obrigatórias e aplicadas nas crianças:
- O que pode acontecer é uma UBS não ter todas as doses naquela hora, mas é possível agendar atendimento. A BCG, por exemplo, só é aberta para 10 doses, para não ser inutilizada. A recomendação é sempre procurar antes o posto do seu bairro. Caso falte uma dose em algum dia, as equipes das 47 UBS's orientam a população a procurar outra unidade mais perto.
Oferta depende de envio do Ministério da Saúde
Desde o início do ano, pelo menos, há falta de vacinas em Caxias do Sul, de acordo com a coordenadora da vigilância epidemiológica do município, Mônica Renosto. Há doses insuficientes da antitetânica e contra as hepatites A e B. Também há falta, em alguns postos, da contra o tétano.
- Há um mês estavam faltando as vacinas antirrábica e também a tetraviral (que previne contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela), mas conseguimos mais doses. O problema é com a falta de produção nacional. Não podemos afirmar que conseguiremos para logo todas as vacinas, dependemos do envio por parte do Ministério da Saúde - pondera.
Mônica pede paciência para a população e afirma que há um esforço da secretaria da Saúde para que não faltem, principalmente, as doses obrigatórias na rede pública.
- Lidamos com o repasse em quantidades pequenas de algumas doses e também com o atraso de outras. Conforme a demanda, a procura por um tipo específico, ainda nos preocupamos com aquelas que acabam rapidamente, antes da reposição - completa.
Saúde pública
Faltam vacinas nas unidades básicas de saúde de Caxias do Sul
Parte da oferta depende de envio do Ministério da Saúde
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