Só o tempo dirá se a operação da Polícia Civil conseguirá conter a guerra entre grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, a Vila do Cemitério, em Caxias do Sul.
Na manhã desta quarta-feira, 160 agentes da Polícia Civil e dois oficiais de Justiça cumpriram mandados para tirar de circulação duas quadrilhas que tentam se impor por meio de assassinatos. Foi a maior ação policial levada à comunidade nos últimos 10 anos, com desdobramentos de mandados de prisão nos bairros Jardelino Ramos, Cinquentenário II, Desvio Rizzo e também na Região Metropolitana.
No total, sete suspeitos foram detidos em Caxias do Sul, e outro em Sapucaia do Sul. Os chefes dos bandos e dois comparsas estão foragidos. Outros integrantes permanecem soltos porque não há mandados de prisão contra eles.
A disputa sangrenta se tornou pública ainda em julho, a partir de uma sequência de quatro tentativas de homicídio entre os grupos. De lá para cá, a guerra deixou saldo de cinco mortos e outras duas tentativas de execução. Embora o acerto de contas envolva pessoas ligadas à criminalidade, os tiroteios em ruas e becos do Euzébio Beltrão de Queiróz alteram o cotidiano de Caxias, pois fortalecem homens e mulheres no submundo. Na esteira do tráfico, surgem os assaltos e outros delitos que tiram a tranquilidade da população. Um dos homens que tombou nos confrontos, por exemplo, era suspeito de ter matado a estudante Ana Clara Adami, 11 anos, num suposto roubo no bairro Pio X, há quase cinco meses.
Conforme a Polícia Civil, dos cinco assassinatos, não ficou comprovado o envolvimento de um dos mortos nos crimes supostamente cometidos pelas quadrilhas. Esse homem pode ter sido executado por ser conhecido de um dos bandos.
O delegado responsável pela investigação, Rodrigo Duarte, diz que a disputa dos últimos meses surgiu na brecha deixada pela morte de um traficante na Vila. A ausência de uma liderança forte despertou a cobiça de um grupo relativamente novato, mas com poder de fogo e ímpeto de vingança. Esse bando passou a desafiar uma quadrilha chefiada por um casal, com histórico mais antigo na bandidagem e igualmente violento.
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Além da luta pelo controle da venda de drogas, as execuções e tentativas foram retaliações pessoais, com mais baixas no grupo comandado pelo casal de traficante.
Tal guerra trouxe instabilidade à comunidade, forçando muitos criminosos a migrar para outros bairros, de onde coordenaram os ataques mútuos. A investigação da Polícia Civil ainda não está concluída.
Com as duas quadrilhas desarticuladas nesta quinta-feira, porém, uma pergunta paira entre os cidadãos de bem do Euzébio Beltrão de Queiróz: até quando a comunidade estará livre dos bandos organizados que comandam o tráfico e promovem o horror no bairro e na cidade?
OS MORTOS
Polícia Civil
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Grupos rivais disputam controle do tráfico no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz
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