Gilberto Blume: no ringue, o secretário estadual da Saúde e o vereador Daniel Guerra

Tem briga das boas no ar, daquelas que vale a pena as autoridades se abalarem para dentro do ringue a fim de defenderem os interesses públicos coletivos.

A matéria da colega Cristiane Barcelos publicada nesta edição revela a queda de braço entre o governo do Estado e o município de Caxias. Os contendores são, respectivamente, o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis (representando o Estado), e o vereador Daniel Guerra (representando Caxias).

Em disputa está o doador de medula óssea e, por consequência, o doente na fila do transplante. Os alvos da disputa não são seres desprezíveis na ordem natural das coisas. Longe disso, são cidadãos que podem salvar vidas e cidadãos que podem ter a vida salva.

O resultado dessa disputa poderá mostrar, entre outras coisas, de que lado as autoridades enfim estão. A conclusão acima, naturalmente, é simplória, mas dá para não ser simplório quando está em jogo um tema que deveria estar superado?

Analisando as estratégias com lupa, conclui-se que tanto Gabbardo quanto Guerra têm alguma razão. Gabbardo alega que a doação deve ser voluntária, jamais obtida em troca de algum benefício financeiro, pois no futuro o "doador", com o dinheiro poupado, pode se negar a doar o órgão compatível com algum doador.

Faz sentido.

Guerra alega que o interesse principal da lei municipal é vitaminar o banco de doadores para aumentar a rede de possibilidades de transplante.

Faz sentido.

O tema tem tudo para se transformar em mais um daqueles debates grenalizados tão apreciados aqui no Rio Grande. Ao fim e ao cabo, espera-se que, pelo menos, prevaleça o bom senso possível para que os principais interessados (os doentes) não sejam prejudicados.

Em poucos dias, esta é a segunda polêmica envolvendo doações de medula óssea no Rio Grande. Recentemente, veio à tona a indigesta informação de que Caxias do Sul atingira a meta de cadastros no ano.

Confesso: leio e releio as explicações sobre a existência do tal teto, mas não consigo me convencer de que esse método está de acordo com os interesses da população.