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Se os jovens assimilam e reproduzem a violência de casa e das ruas em sala de aula, é na própria escola que eles aprendem como enfrentá-la. Relatórios recentes em Caxias do Sul comprovam que a prevenção por meio da pedagogia traz resultados positivos.
Em cincos anos, a rede municipal de ensino registrou redução de 50% dos casos de brigas, bullying e outros problemas em sala de aula com ajuda do programa das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipaves). De 6.193 ocorrências em 2010, o número baixou para 3.075 no ano passado.
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Se ainda não é o cenário ideal, pelo menos é um dado palpável, uma alternativa a ser expandida. Há outro desafio pela frente: exportar a resiliência para além dos muros da escola, tarefa que pode ser estimulada por lideranças e instituições da educação. Alguns conceitos estão sendo aplicados gradativamente por professores como os círculos restaurativos, onde partes resolvem conflitos na base da conversa. A expectativa é de que esse aluno consciente, quando amadurecido, transmita a ideia entre familiares e amigos.
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Por outro lado, são as instituições de ensino superior que podem lançar luzes sobre o fenômeno da violência. Apesar da criminalidade desenfreada, não há pesquisas sistemáticas ou frequentes no meio acadêmico sobre quem são os autores de crime como roubos e assassinatos e por que eles se envolvem nesse ciclo.
Diante desses questionamentos, educadores indicam como pretendem se engajar e contribuir pelo processo de paz. Semanalmente, a reportagem lança a opinião de homens e mulheres de diversos segmentos para estimular o debate antiviolência. A série de matérias está sendo veiculada desde a Semana da Paz, comemorada em setembro.
O QUE VOCÊ PODE OFERECER PELA PAZ EM CAXIAS?
- Por meio das Cipaves (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar), implantadas em todas as 86 escolas do município. Esse trabalho é desenvolvido com planejamento anual, onde se faz um diagnóstico no início do ano e se avalia o que pode ser melhorado, onde podemos trabalhar na prevenção. Temos parceiros nesse projeto na área do patrimônio público, das drogas, na prevenção de incêndio. É uma maneira de socializar as boas práticas e envolver pais, professores, alunos e funcionários.
Raquel Maffessoni, coordenadora do programa Cipave e representante da Secretaria Municipal da Educação (Smed)
- É um desafio se pensar a questão da paz. Entendo que a resolução de conflitos é o caminho, e a forma é a partir do diálogo, de construir consensos e acordos para mudanças de atitudes para valores positivos. Enquanto Conselho, recebemos demandas e propomos essa construção, essa base da conversa e do diálogo. Vamos seguir nesse propósito.
Márcia Adriana de Carvalho, presidente do Conselho Municipal da Educação
- Nós entendemos que a pesquisa é fundamental para uma comunidade. Temos como grande bandeira a investigação e publicação do conhecimento sobre as diversas vertentes da cultura da paz. Entendemos que isso acaba influenciando as políticas públicas, as práticas comunitárias e o trabalho da comunidade. O papel da universidade é fazer a reflexão, trazer a investigação que vai poder ajudar as instituições e a sociedade a pensarem na cultura da paz.
Professor Delcio Antônio Agliardi, representante do Observatório de Cultura de Paz, Direitos Humanos e Meio Ambiente da Universidade de Caxias do Sul
- A Promotoria Regional de Educação tem um projeto de atenção à violência escolar (em escolas públicas e privadas). Fizemos o projeto piloto incorporando as práticas restaurativas nos atos infracionais cometidos nas escolas ou no seu entorno anteriormente à apresentação ao promotor de justiça. As partes são convidadas a participar de um círculo restaurativo e, então, se verifica a possibilidade de haver um diálogo entre as partes para que esses fatos não voltem a acontecer. Não adianta resolver processos se não são resolvidos os problemas que fizeram com que esses processos fossem instaurados. De setembro de 2014 a junho de 2015, tivemos apenas 6% de reincidência, que foram casos mais graves. Esses casos nos mostram que o diálogo é um bom caminho para se restabelecer a paz no ambiente escolar.
Simone Martini, promotora regional de Educação de Caxias