Gilberto Blume: temos o que celebrar no Dia Nacional da Alfabetização? Depende do ponto de vista

Este sábado, 14 de novembro, marca o Dia Nacional da Alfabetização. A data foi instituída em 1966, no governo do general Castello Branco. Temos o que celebrar no Dia da Alfabetização? Depende do ponto de vista.

É fato que o Brasil reduziu o analfabetismo. Hoje há cerca de 14 milhões de brasileiros adultos que não sabem ler nem escrever. Décadas atrás tínhamos bem mais analfabetos. Contudo, 14 milhões ainda é um bocado de gente (a população do Uruguai é de 3,5 milhões de pessoas). Proporcionalmente, esses 14 milhões podem parecer pouco diante da população total de 200 milhões de brasileiros: 7% dos brasileiros adultos não sabem ler nem escrever, pois.

Outra informação: 35 milhões de brasileiros são analfabetos funcionais, cidadãos que assinam o nome e reconhecem as letras do abecedário e os números. O analfabeto funcional, porém, é incapaz de compreender um texto, interpretar uma narrativa, escrever com lógica. Esses 35 milhões representam 17,5% da população brasileira.

Somando analfabetos e analfabetos funcionais, temos 59 milhões de brasileiros adultos à margem da mais básica premissa da cidadania. São 29,5% da população brasileira, o equivalente às populações uruguaia, argentina e chilena somadas.

Mais outra informação: neste ano, pesquisa do Ministério da Educação revelou que aproximadamente 50% dos estudantes do 3º ano não conseguem compreender o que leem, sequer gibis. Percentual semelhante de estudantes dessa série são incapazes de somar, dividir, subtrair e multiplicar. Como não há sinal algum de que a política pública de educação será substancialmente melhorada no médio prazo, esses milhões de crianças que não sabem ler nem fazer contas serão adultos analfabetos funcionais.

Não é exagero, o Brasil anda célere rumo à burrice e à ignorância generalizadas promovidas pelos governos. Assegurar escola a todas as crianças é o primeiro passo, mas esse dever está longe de significar o verdadeiro desenvolvimento pessoal do cidadão e coletivo das comunidades.

O mundo corre, exige inteligências, gente que raciocine, conclua. Logo adiante o Brasil será cobrado por esses anos de descaso com a educação.