Farei neste dia 2 de novembro aquilo que costumamos fazer na virada do ano: projetarei, sonharei, apostarei, acreditarei.
Neste Finados eu gostaria de dançar e cantar em memória do passamento de um monte de situações que nos afligem há décadas. Notem, não desejo a morte do mau político, do ladrão, do sem caráter em todas as versões possíveis e impossíveis, do cidadão sem noção, daquele ser que até ontem fazia de conta que era do bem mas cuja máscara não resistiu às circunstâncias.
Desejo, apenasmente, acender uma vela aos pés do jazigo que abriga, ou que deveria abrigar, os malfeitos dessa minoria que transforma a vida da maioria num inferno.
Seria o máximo ir no cemitério hoje e poder renovar o adeus aos espíritos que apequenaram e cegaram algumas almas.
Alô, patrulha: não concluam, apressadamente, que pretendo ombrear reflexões com o mestre Frei Jaime que brilha aí acima, mas não custa nada e nem dói estrear um termo inédito nestas mais de mil colunas aqui cometidas: amor.
Em contraponto a este mundano aprendiz aqui, amor é a palavra mais repetida pelo colunista que todos os dias coroa esta página com sua especial auréola.
Sei, estou demasiado seicho-no iê, ingênuo até, mas se tem coisa que ainda não morreu é a esperança, embora um bocado de gente empreenda enormes esforços para extingui-la.
Neste Finados desejo, pois, que sepultemos um bom naco dessa falsidade vestida de cordeiro em que estamos especializados, invariavelmente com interesses pessoais e tantas vezes inconfessáveis. Não custa rebater nesta tecla já surrada, gasta: quem nos representa ou quem não nos representa em alguma esfera carrega generoso bocado do nosso DNA.
Quando formos ao cemitério acender aquela vela para os malfeitos, portanto, aproveitemos para sepultar alguns maus hábitos que contaminam os ambientes que frequentamos.
Feliz Finados a todos, mortos e vivos, mas especialmente àqueles que estão conseguindo fazer uma caminhada mais leve, liberta de razões zeradas de boas intenções.
Opinião
Gilberto Blume: quando formos ao cemitério, aproveitemos para sepultar alguns maus hábitos
Feliz Finados a todos, mas especialmente àqueles que estão conseguindo fazer uma caminhada mais leve
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: