O mundo está em torno da mesa debatendo a intolerância e o terrorismo de alguns grupos, únicas pautas capazes de rivalizar em importância com as mudanças climáticas resultantes da intolerância e terrorismo que praticamos contra nós mesmos e contra o ambiente em que vivemos, por acaso o planeta Terra, endereço de todos, inclusive dos intolerantes, dos terroristas e das vítimas que resultam dessa barbaridade.
Não fosse a intolerância e o terrorismo que grassam, a principal pauta hoje seria o clima, ameaça menos barulhenta que o terror, mas tão ou mais devastadora quanto.
Ou não?
Até parece orquestração: às vésperas da conferência sobre o clima, na agora mortal Paris, o terror praticamente inviabiliza qualquer possibilidade de as lideranças e especialistas assinarem documentos que substituam o Protocolo de Kyoto, em tese um bem-acabado apanhado de resoluções para redução das emissões de gases poluentes, mas jamais aplicado na prática. O protocolo começou a ser desenhado em 1988, ganhou força em 1992 e passou a vigorar em 2005, mas só no papel.
Juro (por qual deus?) que tento crer quando os islâmicos fundamentalistas dizem ter deflagrado a atual guerra santa por causa das diferenças culturais e morais com o ocidente. Posso não concordar, mas tento extrair alguma lógica dos posicionamentos desse povo tão diferente de nós.
Lá no fundo, porém, algo grita, dizendo que os radicais estão mais ocupados em evitar que o planeta altere a matriz energética em vigor e comece a trocar com mais velocidade o valioso petróleo por vento, sol, ondas do mar. Decerto alguns dos 17 leitores da coluna, talvez todos, cravem na opção "O Colunista Delira".
Pode ser, mas.
Mas substituir o Protocolo de Kyoto por controles mais claros e rígidos na emissão de gases que provocam o efeito estufa desagrada até o mais insuspeito dos líderes mundiais, comandantes do Estado Islâmico incluídos.
O Colunista Delirante está numa fase em que desconfia até da própria sombra.
Desconfiar que os interesses planetários são cada vez mais orquestrados é a menor das desconfianças.
Opinião
Gilberto Blume: decerto alguns dos 17 leitores da coluna, talvez todos, cravem na opção "O Colunista Delira"
Desconfiar que os interesses planetários são cada vez mais orquestrados é a menor das desconfianças.
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