Quando o querer se sobrepõe, não há muros que barrem a disseminação do conhecimento. A caótica situação da educação pública não impediu três adolescentes da Escola Estadual Apolinário dos Santos, de Caxias do Sul, ultrapassarem as fronteiras e terem a chance de chegar ao México para divulgar seu trabalho, criado para a Multifeira do colégio e desenvolvido em uma estrutura precária e dentro de uma realidade cruel, em que o incentivo é quase inexistente.
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Avelize Carvalho, Joice Nascimento e Pamela de Lima têm 17 anos e cursam o último ano da escola pública. São jovens sonhadoras, como tantas outras. A diferença é que elas querem ser referência, a qualquer custo, a qualquer esforço. Determinadas, elas criaram o projeto Transtorno de Humor Bipolar, o THD, um estudo sobre as características de uma pessoa bipolar. A idéia surgiu de uma frase do livro Não sou uma só, de Marina W que diz: "É muito difícil separar o que faz parte de mim e o que faz parte da dança."
Mergulharam na literatura e no mundo dos bipolares. O resultado foi apenas uma consequência que começou na primeira fase da feira, em junho deste ano. Foram classificadas para a final _ que é aberta à comunidade da escola, selecionadas para a feira de nível municipal, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RS (IFRS) e classificadas para a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), que aconteceu de 26 a 30 de outubro, em Novo Hamburgo. Lá, o trabalho foi reconhecido internacionalmente. Dos 380 trabalhos apresentados, de 19 diferentes países, o THB integra o grupo de 26 projetos credenciados para participar de mostras em outros países.
As alunas do Apolinário estão convidadas a participarem da ExpoCiências Nacional México 2106, que acontece em outubro do ano que vem.
Agora vem o próximo desafio: conseguir verba para viajar. Elas estão dispostas a tudo, mesmo que o governo não libere recursos a exemplo do que fez com a Mostratec. Para participar da mostra em Novo Hamburgo, foi preciso se socorrer do caixa do Conselho de Pais e Mestres (CPM) da escola. O Estado não atendeu à solicitação da direção. Elas se locomoviam de ônibus e trem para participar da programação.
Orientadas pelas professoras Eloísa Padilha e Larissa Bittencourt, Anelise, Joice e Pamela garantem:
- Valeu muito a pena. É o resultado de muito esforço, de muita vontade, de acreditar que é possível.
O trabalho das alunas concorreu com muitos projetos de escolas particulares, em que a estrutura e o cenário são completamente diferentes.
- Podemos fazer muito com tão pouco. É isso que nos empolga a continuarmos na profissão - destacam as professoras.
Avelize, Joice e Pamela mergulharam no mundo dos bipolares para embasar trabalho premiado
Educação
Estudantes de Caxias se classificam para mostra no México com estudo sobre bipolaridade
O desafio agora é conseguir verba para poder viajar
Ivanete Marzzaro
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