Gilberto Blume: os amigos do jovem que passou mal em festa e morreu ainda devem muitas explicações

Um cidadão que assina Pabloo Pires postou no Face do Pioneiro:

"(...) Fazendo matérias sobre a qual vocês não sabem um terço. Drogas rolam em qualquer lugar, não é só em festas raves, funks, rap e etc.. É EM QUALQUER LUGAR. Se tu ficar parado 5 minutos numa esquina de cxs te oferecem todo o tipo de droga!! Sem mesmo saber se voce é usuário. Sobre isso vocês não fazem matéria. matéria sobre, educação, os impostos altíssimos que pagamos, corrupção e os polícias que não servem pra p... nenhuma!!! Justiça com as próprias mãos é o que há! Bando de ignorantes que acham que usar drogas é errado, e ser corrupto e tudo mais que acontece na mídia ser certo. como são IGNORANTES!!!! POVO BURRO, E NOVAMENTE IGNORANTES. ESSA É NOSSA CAXIAS DO SUL."

O texto vai aqui sem correções ortográficas. As barbeiragens gramaticais, contudo, são o que menos importa.

A manifestação de Pabloo diz respeito à matéria assinada por Adriano Duarte no Pioneiro de quarta. A matéria tratava da rave em que um guri de 16 anos passou mal, foi levado ao HG e morreu. Frequentadores da rave confirmaram que havia drogas na festa. As posições de Pabloo são sintomáticas de como os valores estão deturpados, senão de ponta-cabeça. Por que um jornal não pode investigar e afirmar que uma festa era regada a drogas? A quem interessa esconder que havia drogas numa rave em que um rapaz morreu?

Consumir ou não consumir drogas é, até certo ponto, uma opção. Seja qual for sua opção, sempre haverá mil implicações, a começar pelo tráfico e todo o rol de crimes que deixam ou não deixam de ser alimentados pelo consumo. Pabloo tem razão ao afirmar que há drogas em todos os lugares. Mas, e isso Pabloo não aborda, não é comum um guri morrer numa festa. Os amigos do jovem estão devendo muitas explicações. Que amigos abandonariam o rapaz desfalecido na porta do hospital e retornariam à festa como se tal atitude fosse natural? Por que não procuraram a família para avisar que o jovem havia morrido?

O jornal seguirá dando visibilidade a episódios que os Pabloos condenam. A imprensa não se arvora a ser guardião dos valores, mas a veiculação dos fatos pode servir de reflexão para os rumos que estamos trilhando, seja ou não por opção.