Irma Overlock se contorce de esforços mas não consegue compreender nem aceitar a tese de que a economia vai mal das pernas por causa da má condução política do país.
- Como assim? Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa - conclui a costureira.
As amigas da costureira são didáticas.
Ferrenhas defensoras da tese de que a má performance econômica resulta da política transformada em politicagem, as amigas enumeram:
- Irma, querida, é óbvio que a crise política alimenta a crise econômica. Enquanto o governo e a oposição não conseguirem dar uma cara a si próprios, não construírem propostas políticas concretas e não começarem a defender os interesses do país, seguiremos atolados nessa precária situação de instabilidade, de inação, de paralisia, de
- Bláblábláblábláblá - desdenha Irma.
As amigas avançam na argumentação, prevendo que o Brasil Salve, Salve só começará a se recuperar daqui a alguns meses, só depois que o Congresso decidir se vai ou não tentar derrubar a Dilma, só depois que a Lava-Jato chegar perto do fim, só depois que alguns deputados e senadores forem condenados ou inocentados do crime de corrupção, só.
- A economia só vai reagir quando os políticos recolherem as armas e deixarem os interesses próprios um pouco (só um pouco, por favor!) de lado - anotam.
- Vocês têm a mente deturpada, só pensam em política, acham que qualquer movimento na vida real é fruto da política, não enxergam um palmo além da política, reduzem tudo à política - reage a costureira.
- Nesse caso, uma coisa não é uma coisa diferente de outra coisa.
Irma saiu da conversa com um nó na cabeça.
Ela tenta, tenta mas não consegue fazer com que o Tico e o Teco acordem para o que as amigas dizem ser o óbvio.
- Como pode uma coisa não ser diferente de outra coisa? - matuta a costureira.
Opinião
Gilberto Blume: Irma Overlock tenta, tenta mas não consegue fazer com que o Tico e o Teco acordem para o óbvio
Irma saiu da conversa com um nó na cabeça
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