Osvam Livi Hoffmann escreve a respeito da coluna de ontem, que abordava os péssimos exemplos a que o andar de cima frequentemente nos brinda. A coluna também tratava dos pecadilhos que o cidadão comum comete, provavelmente espelhado e inspirado nos "ensinamentos" que recebe.
O leitor vai além dos escritos de ontem. Um trecho do e-mail de Osvam:
"Sobre a coluna, concordo e tenho a mesma sensação de nojo com os atos e fatos que se apresentam por nossos representantes e/ou autoridades.
Enoja, também, o que diariamente ocorre atrás do Postão 24 Horas (entre o postão e o Corpo de Bombeiros). Ali é uma área restrita para ambulâncias, mas o que se vê são carros particulares em grande número estacionados, mesmo com as placas de proibição.
Realmente os exemplos não são bons. E nós, pobre mortais, somos achincalhados porque passamos do prazo do bilhete do parquímetro, mesmo com justas justificativas."
Eduardo Cunha é o exemplo mais atualizado e bem acabado do comportamento que uma alta autoridade brasileira pode adotar - e adota.
Sem ruborizar, Cunha brinca com o poder como o gato brinca com o rato de borracha. A diferença entre o gato e o deputado é que a brincadeira do presidente da Câmara não tem graça alguma. Seja culpado, seja inocente, o fato é que Cunha mentiu em depoimento formal, negando que mantivesse contas bancárias no Exterior.
Mentir está entre os atos que configuram quebra de decoro parlamentar.
O mentiroso, pois, deveria se afastar e deixar o caminho livre para as investigações.
Os interesses que fazem Cunha segurar o osso com tamanha força um dia ainda virão à tona, espero.
A obstinação do deputado extrapola a habitual gana que o PMDB tem pelo poder, o que permite divagações dentro e fora da casinha. A impressão que dá é que Cunha é preservado porque jamais cairia sozinho. Se cair, o homem deve cair atirando. E isso seria péssimo para um bocado de gente graúda que não tem a menor disposição de largar as tetas. Com exemplos desse quilate, importa estacionarmos em lugar proibido?
Importa, mas poucos de nós damos importância.
Opinião
Gilberto Blume: com os exemplos que vêm de Brasília, importa estacionarmos em lugar proibido? Importa
Eduardo Cunha é o exemplo mais atualizado e bem acabado do comportamento que uma alta autoridade brasileira pode adotar
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