Irma Overlock repudia com veemência os cidadãos que se amarram ao passado e permanecem fechados para o contemporâneo. Dois exemplos:
1. Qual o problema em tirar o desfile da Festa da Uva Passa da Sinimbu e levá-lo para a Plácido?
2. Por que não tirar a Feira do Livro da Praça Dante e levá-la para a estação férrea?
As amigas de Irma, conservadoras que só, abrem a torneira das razões para afogar as defesas da costureira. As amigas desfiam um rosário de termos e expressões chaves que resumem tudo o que passa pelas suas cabeças quanto à permanência do desfile da Festa da Uva Passa na Sinimbu:
- Tradição, memória cultural, história, paisagem arquitetônica favorável, cenário arquetípico, simbolismo do trabalho e da fé, acervo artístico da Praça Dante...
- ... Chega! Lá na Plácido vamos respirar um novo desfile, um desfile livre dessas amarras que nos impusemos simplesmente porque tememos encarar a aventura de viver e...
- ... Chega, Irma! Você não percebe que a Plácido será um bom palco, mas que a Sinimbu não tem concorrentes? Você tampouco tem argumentos para defender que a Feira do Livro seja desmontada e levada em caçamba de caminhão até a estação férrea como se o evento se assemelhasse a um camelô da Júlio. Desfile e Feira do Livro são patrimônios públicos que não podem ser removidos sem que suas fundações sejam debatidas à exaustão (tradição, memória cultural, história, paisagem arquitetônica favorável, cenário arquetípico, simbolismo do trabalho e da fé, acervo artístico da Praça Dante...)
Para variar, Irma faz cara de paisagem e desdenha as amigas.
A costureira não vê a hora de aplaudir os 1,2 mil figurantes do corso bem assentada numa arquibancada. Na Sinimbu, nem sempre ela conseguia assento. O senão é que Irma corre o risco de ser atacada pelo bonde que ronda o Senai Nilo Peçanha diuturnamente.
A costureira também conta os meses para circular pela nova Feira do Livro e, na sequência, sorver um drinque naqueles bares tudo-a-ver e passear na segurança do shopping, livre de ambulantes, pedintes e malandros.
- Adeus, velharias do Centro. Finalmente Caixinhas se livra dos grilhões e põe os pés no futuro.
Opinião
Gilberto Blume: adeus, velharias do Centro. Finalmente Caixinhas se livra dos grilhões e põe os pés no futuro
Para variar, Irma faz cara de paisagem e desdenha as amigas
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