
Talvez os mais observadores percebessem alguma delicadeza no movimento, mas, de longe, se não fosse pela camisa rosa, seria difícil identificar que eram elas que corriam pela cancha a cavalo com o laço na mão.
Personagens das Lendas Gaúchas unem-se para série colecionável
VÍDEO: músicos nativistas se reúnem para cantar e falar de suas inspirações
A participação feminina ainda é pequena - dos 735 concorrentes nas provas de tiro de laço de ontem e sábado da Semana Farroupilha de Caxias, apenas 45 são mulheres. Porém, trocando o vestido de prenda pela bombacha, elas quebram preconceitos e firmam-se em território historicamente masculino.
- Uma vez escutei de um homem: "O dia em que uma prenda acertar uma armada, eu vou a pé para casa". Respondi que ele então sentasse e observasse, que as prendas iriam laçar. Isso foi há oito anos, e nunca esqueci - conta Sheila Machado, 24.
Intolerância que Isadora Vigil, 9 anos, não sabe o que é. Oficialmente, laça desde os cinco anos, com o incentivo do avô, do pai e da mãe. O cavalo rosilho Cudinho foi o companheiro. As prendas arriscam até a dar dicas de como ser uma boa laçadora:
- Um cavalo bom já conta 80%. O resto é treino - diz Carmen Eliza Thomé, 50, que laça há sete anos, cansada de só acompanhar o marido em rodeios, laçador há mais de 40.
Fora da cancha, nos acampamentos, o final de semana foi em roda do fogo de chão, ao som da gaita e preparando o churrasco ou o costelão. O aroma chegava aos palcos do Festival Serrano, concurso de danças tradicionais que reuniu invernadas artísticas da região.